No DCM, por Fernando Brito – Não há dúvida possível de que havia lama em imensa quantidade na política.
Havia, não. Há, como nunca, vê-se pelos geddéis acumulados no apartamento de Salvador.
Nunca deixou de haver, desde as capitanias.
Mas ocorreu com o Brasil algo parecido à mecânica quântica, onde de um fenômeno quântico existe só pelo simples fato de observá-lo e a forma com que se observa.
A lama só vaza onde os donos do MP e do Judiciário desejam. Literalmente, vazamento seletivo.
O processo de destruição da esquerda por suas concessões à “politica como ela é”, sem a qual não teria governado, acabou por ter rachaduras laterais, por onde foram se aprofundando fissuras que levaram aos “efeitos colaterais” sobre o PSDB (onde se encarregam de por o “cola-tudo” da omissão e do esquecimento) e do PMDB, onde a deterioração moral de seus líderes, reduzidos a um “quadrilhão” aproxima tudo de uma catástrofe.
O dramático para o povo brasileiro é que estre processo moralista não é um processo saneador, mas devastador.
Nossa economia soterrou-se sob a avalanche, destruíram-se empresas, empregos, riquezas. O que resistiu, vende-se como carros velhos, cobertos de sujeira, ao valor da bacia das almas.
Mas há algo ainda pior: fizeram a lama salpicar sobre os nossos olhos, de tal forma que tudo o que olhamos, mesmos as melhores lembranças, nos aparece enlameado, sujo, sem valor.
Pretendem, assim, eliminar todas as referências que o povo brasileiro construiu e os tolos e ingênuos começam a falar em “novas políticas”, como se tudo o que se apresentou, nos últimos anos, como algo assim tenha se mostrado dócil ao status quo e, não raro, praticante dos mesmos pecados que diz condenar à fogueira.
Os personagens mais importantes da vida brasileira, hoje, são os bandidos e os carrascos.
Nem eu, nem ninguém que o perceba, quer entregar a sua vida, a vida dos seus filhos, o futuro de todos nem a bandidos, nem a carrascos.
Na lama não se funda coisa alguma, mas quase tudo se afunda.