Ninguém gosta de rabissaca, muito menos quando relata problemas em desespero a quem pode resolver.
Foi exatamente isso que o prefeito tucano Hildon Chaves fez ao ser cobrado por eleitores de Vista Alegre do Abunã, distrito a 200 quilômetros da capital onde teve preferência no primeiro e segundo turnos, saltando de 1284 para 1656 votos.
Ao se reunir pela primeira vez com um grupo de moradores após a vitória, o prefeito não suportou a pressão de queixas com a saúde, deu as costas e foi embora.
A cena revela mais que indiferença aos moradores que choravam denunciando falta de remédios e condições de socorrer os doentes. O prefeito fugiu após admitir que não sabia o que se passa no distrito.
Não tivesse tirado férias com seis meses de mandato e se dedicado ao “amplo diagnóstico” que prometeu em campanha, saberia que todos os distritos têm atendimento precário de saúde.
Hildon preferiu constranger o vereador José Rabelo da Silva, o ‘JACARÉ ‘, que não estaria trazendo as reivindicações do distrito que representa.
O vereador culpou o secretário de saúde a quem teria detalhado todas as queixas.
O que não tinha justificativa provocou a fuga do prefeito.
Hildon simplesmente desprezou a comunidade reunida e partiu seguido por quem o acompanhava.
Do choro à raiva dos moradores, foi um instante.
Muitos agora estão com raiva e dizem não reconhecer o homem que em campanha esbanjava simpatia com um sorriso de orelha a orelha e disposição para ouvir.
A bem da verdade, o tucano levou muitos ‘no bico’ com um discurso messiânico, mas durante a campanha deu sinais claros de presunção e petulância quando disse que era capaz de reconhecer “um bandido com 2 minutos de conversa”.
Não viu o Hildon que se revelou ao despontar na corrida eleitoral, quem não quis. E não faltou alerta.
Foi eleito com mais de 65% dos votos, mesmo admitindo não conhecer a cidade em que trabalhou como promotor por mais de duas décadas. Nos debates atacou os adversários com dedo em riste e manipulou o eleitor reclamando que era alvo de baixarias quando retrucado no mesmo tom. Colou.
Agora, sem precisar engabelar o eleitor com caras e bocas, é com arrogância que Hildon responde quando contrariado ou pressionado e algo muito ruim o impede de formar e manter sua equipe. O entra e sai de secretários não para e o tal diagnóstico amplo sobre os problemas da capital não sai, com 9 meses de gestão.
O curioso é que o prefeito começou com a faca e o queijo na mão, com a confiança do eleitorado, com aliados eleitos para presidir duas mesas diretoras na Câmara e reformas aprovadas nas primeiras sessões.
“Porto Velho, deixa eu cuidar de você”, dizia Hildon quando declarou em verso a paixão pela cidade que mal conhecia.
O eleitor portovelhense surpreende quando tratado com desprezo e arrogância. Se Hildon não se dedicar a uma gestão minimamente participativa será político de um mandato só.
E ele está indo ‘bem’ com menos de um ano de governo, pois a arrogância é o item número um do manual prático de como transformar o deslumbramento do eleitor em repulsa.