No Rondônia Dinâmica, por Vinicius Canova – Você concurseiro (a) que pensa em ingressar à carreira pública levando em conta as benesses como a tão sonhada estabilidade, esqueça!
Passando ou não, primeiro lugar ou último, tanto faz; quem manda, a partir de agora, é a vontade política.
A mesma que move a dança das cadeiras no planeta obsceno dos comissionados, coitados, que requebram como marionetes amestradas a fim de sustentar seus empregos enquanto observam outros, enxertados em ofícios semelhantes, a receber sem fazer nada como prêmio eficaz das dívidas de campanha e caminhos obtusos da elegibilidade democrática paralela, a qual o povo não participa e nem faz ideia do que se trata.
Te convocaram a assumir posição de Nível Superior, como a cátedra, por exemplo? Esqueça os alunos, que se danem os analfabetos e, sobretudo, pais e mães, familiares preocupados com a educação dos filhos, coitados! Sua função, professor (a), é alimentar o ego do secretário de Educação da vez, seja quem for, quando for, como for: um bom começo é trazer o cafezinho quente, sem transbordar, com mais de um copo descartável para não queimar os dedos do titular da pasta e, se possível, e tem de ser, senão problema seu, acompanhado de vassalagem salutar traduzida num desenrolar de tapete vermelho atrelada à frase:
“Lamento não ter tecido no mundo equivalente ao tamanho de sua envergadura, magnânimo, autárquico e exponencial chefinho transitório”. E lembre-se de perguntar se o dito cujo é diabético para caprichar no adoçante em vez do açúcar, pelo amor de Deus!
Se esforçou, ralou, deu duro, perdeu noites de sono e conseguiu passar? Sim? Mas tem bafo de esfíncter exalado através das papilas gustativas pelo menos? Ah, não!? Então tá fora, vagabundo (a). Graduação é lixo. Pós é descartável. Mestrado não vale nada; doutorado, idem. Doutor é “adêvogado” exigente que implora pelo título evocando enquadramento ao remotíssimo decreto imperial de Dom Pedro I, assim como os médicos formados nas faculdades dos genitores enquanto, no multiverso, concluem também cursos de Direito e até exercem cargos políticos – tudo ao mesmo tempo, onisciência pura atribuída até então somente a divindades.
O nosso governador provavelmente vibra com a novidade capitaneada pelo senador Lasier Martins (PDS/RS), já que Confúcio Moura (PMDB) admite, há muito, o incômodo suportado com os direitos adquiridos e a estabilidade vitalícia dos não apadrinhados.
04/10/2017 – Comissão do Senado aprova fim da estabilidade para servidores públicos nos primeiros cinco anos
Nada que mexa com sua popularidade, claro, pois, entre postagens imprescindíveis sobre a importância do pilão na vida do ser humano, sugestão de receita de suquinho verde, comida a bordo de voos internacionais, dicas para que servidores possam manter os corpos “lindos e maravilhosos” e, para arrematar de vez, e esta é definitivamente a cereja do bolo, devaneios acerca da construção de uma máquina do tempo (ou teletransporte) – o chefe do executivo se sobressai à auto-sabotagem narrativa com a subserviência pontual – e a militância virtual – dos aproximados de plantão. Como se a fidalguia postural tivesse o condão de isentá-lo de críticas, e a banda não toca assim, maestro.
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08/08/2017 – Confúcio ‘chuta o balde’ e diz que Brasil precisa parar com concursos e acabar com estabilidade no serviço público
Voltando a Lasier. Martins é o relator do projeto de lei que, na prática, acaba com a vitaliciedade no serviço público.
“Em seu parecer, Lasier flexibilizou a redação concebida por Maria do Carmo (DEM-SE), por exemplo, ao dobrar o período de testes a que o servidor concursado com desempenho considerado insuficiente deverá ser submetido – em vez de exame a cada seis meses, o senador propôs sabatina anual. O senador também aumentou de um para três o número de avaliadores – no primeiro texto, a tarefa cabia apenas ao chefe de departamento, situação que poderia suscitar casos de perseguição” – Congresso em Foco
O congressista conseguiu aparecer.
Conhecido e reconhecido nacionalmente por nos divertir à época do Orkut quando ressuscitaram vídeo de uma reportagem em que, ao vivo, gritava e desmaiava após levar um choque numa estufa de uvas na feira de Caxias, o jornalista só regressou às páginas do noticiário nacional e à boca do cidadão quando exposto pelas reiteradas agressões denunciadas por Janice Santos, companheira do abobado. No episódio do choque, não teria passado no próprio teste proposto, já que parece de bem baixo desempenho fuçar numa estufa energizada, iluminada, cheia de fios desencapados e com amostras regadas de tempos em tempos. Fosse servidor público, demissão pra você, Lasier!
A descarga elétrica, pelo visto, não só afetou seu discernimento como também o tornou violento e covarde, comportamento atribuído à canalhice de quem solta as feras às escondidas para posar de ícone do bem a frente dos holofotes.
É de se questionar, no mínimo: qual a credibilidade moral de uma pessoa de caráter ruído ao propor qualquer teste que seja para avaliar conduta profissional de outrem após falhar miseravelmente nas provações mais básicas da vida?
Agora é a nossa vez de gritar bem alto:
“Ai, ai!”.
Pum!
Caímos duro.
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Observação: poderia apoiar o projeto se não estivéssemos no Brasil. Na prática, quem definirá os rumos dos concursados será o dedo indicador podre dos gestores no País. E mesmo que haja omissão, negligência e incompetência por parte de alguns efetivos, inaceitável conceber que a politicagem irá brincar de xadrez também com os dedicados. Imagine, então, a chuva de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) para retaliar os que eventualmente pisam no calo de políticos? Aqui a conveniência sempre ganha, logo, não aceito!