Seria maravilhoso que a consciência de homens e mulheres sobre direitos fundamentais avançasse na velocidade da área tecnológica.
Quando penso no tanto que vivi e ainda discuto a importância de direitos humanos, liberdade de expressão, de credo e de orientação sexual e política, vejo as ladeiras, o sobe e desce de valores que impedem a compreensão plena de direitos estabelecidos e ampliados com o passar do tempo.
Não vivi um dia sem cruzar com pessoas adaptadas à modernidade do ‘ter’, mas não a do ‘ser’.
A falta de amadurecimento da noção de dignidade, liberdade e igualdade torna muito lenta a evolução das relações sociais.
O maldito senso comum que nos faz retroceder fala mais alto. E os políticos com os meios de comunicação que controlam sabem da nossa vulnerabilidade.
Basta ligar a TV pra enxergar como é fácil ditar a marcha e o caminho a espectadores com valores tão frágeis.
Galeano dedicou várias páginas de O Livro dos Abraços à reflexão sobre a cultura do terror e do espetáculo, alienação, e celebração da desconfiança por meio da televisão.
“A televisão mostra o que acontece? Em nossos países, a televisão mostra o que ela quer que aconteça; e nada acontece se a televisão não mostrar.”
É ou não, assim?
“Pela tela desfilam os eleitos e seus símbolos de poder. O sistema, que edifica a pirâmide social escolhendo pelo avesso, recompensa pouca gente. Eis aqui os premiados: são os usurários de boas unhas e os mercadores de dentes bons, os políticos de nariz crescente e os doutores de costas de borracha.”