Melhores livros de 2017: de samba, futebol de várzea a heroínas negras, o ano pede espaço na estante

Melhores livros de 2017: de samba, futebol de várzea a heroínas negras, o ano pede espaço na estante

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O EL PAÍS perguntou a três críticos e curadores com formações e atuações diferentes no mercado cultural brasileiro quais foram os cinco melhores lançamentos de 2017.

A lista, que não se limita a literatura, forma um panorama amplo que abarca títulos de autores consagrados até os menos conhecidos. Há espaço para as grandes editoras e também para as pequenas e médias. A seguir, as indicações e uma breve apresentação de quem as escolheu.

Manuel da Costa Pinto é jornalista, colunista do jornal Folha de S. Paulo, mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP e foi um dos fundadores da revista Cult.

A Noite da Espera, de Milton Hatoum (Companhia das Letras). Na primeira parte da trilogia O Lugar Mais Sombrio, o renomado autor conta a história de Martim, um jovem que vive em Brasília o início da ditadura militar brasileira.
Noite Dentro da Noite, de Joca Reiner Terron (Companhia das Letras). O novo romance do autor conta a história familiar de um garoto de 11 anos que, depois de sofrer um trauma, perde suas memórias e esquece quem é.
O Livro da Imitação e do Esquecimento, de Luis Krausz (Benvirá). Novo romance do professor de literatura hebraica e judaica da Universidade São Paulo, fala sobre Manfred Braunfels, um historiador que está empenhado em publicar uma pesquisa sobre escravos na Palestina durante o domínio romano.
Adeus, Cavalo, de Nuno Ramos (Iluminuras). Novo livro do escritor e artista plástico, fala sobre o papel do artista em um texto híbrido que fica entre o conto e a dramaturgia.
Uma História do Samba (Vol. 1), de Lira Neto (Companhia das Letras). Novo livro do autor de uma aclamada biografia de Getúlio Vargas é a primeira parte de uma trilogia que pretende contar a história do samba no Brasil.
Josélia Aguiar é jornalista cultural, historiadora e atual curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Na edição atual do evento, trouxe mais diversidade para a programação ao equiparar o número de autores homens e mulheres convidados para os debates, além de dar mais destaque para a literatura produzida por escritores negros.

Ode a Mauro Shampoo e Outras Histórias da Várzea, de Luiz Antonio Simas (Morula). Shampoo foi o centroavante do pior time de futebol do mundo, o Ibis. E isso basta para saber do que se trata o livro de Simas: um corolário aos vencidos e perdedores do esporte mais amado do país.
Lima Barreto – Triste Visionário, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras). A biografia do autor homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty veio para colocar luz em uma faceta pouco explorada de sua obra: a luta de Lima Barreto contra o racismo e a escravidão
O Martelo, de Aledaide Ivánova (Garupa). Terceiro livro de poesia da jornalista, tradutora e fotógrafa que nasceu no Recife, Pernambuco, em 1982. Os textos tratam de machismo, estupro e da liberdade sexual feminina.
Como se Fosse a Casa: Uma Correspondência, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (Relicário). O livro se constrói a partir de poesias trocadas como forma de correspondência entre os autores. Ela escrevia de Belo Horizonte no apartamento de Jorge, enquanto ele viajava pela França.
qvasi, de Eduardo de Almeida Pereira (Editora 34). Com vários livros publicados, o autor reúne no último lançamento os principais pontos de sua pesquisa poética: literatura, antropologia, cultura popular e religiosidade.
Ketty Valencio é bibliotecária, gestora cultural e tem uma pesquisa acadêmica sobre gênero e diversidade sexual. No começo de dezembro, Valencio abriu um espaço físico de sua Livraria Africanidades, dedicada exclusivamente à literatura feita por mulheres negras.

Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, de Jarid Arraes (Polén). Através de cordéis, o livro conta a história de 15 mulheres negras brasileiras, como as escritoras Maria Carolina de Jesus, de Quarto de Despejo, e Maria Firmina dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil.
Tudo Nela Brilha e Queima: Poemas de Luta e Amor, de Ryane Leão (Planeta). Livro de estreia da autora de Cuiabá traz poesias que dão enfoque ao ambiente urbano e o cotidiano de lutas e opressões de mulheres negras.
O Punho Fechado no Fio da Navalha, de Patrícia Naia (Castanha Mecânica). Primeiro livro de poesia da escritora fala sobre suas vivências em Recife e foi lançado pela editora artesanal Castanha Mecânica.
De Lágrimas, Revides e Futuros, de Vagner Souza (Edições Incendiárias). Livro de estreia de poesias do autor que participa do Sarau Poesia na Brasa, na Vila Brasilândia, periferia na zona Norte de São Paulo.
Antologia Jovem Afro (Quilombhoje Literatura). Quatorze autores integram essa coletânea de jovens escritores negros entre 18 e 24 anos. O lançamento, em outubro, aconteceu em ocasião do Dia da Consciência Negra.

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