No Tijolaço, por Fernando Brito – Como no dia da audiência de Lula na inquisição, digo, na Vara Criminal de Sérgio Moro, em Curitiba, também agora o Ministério Público e o próprio Judiciário correm para tentar criar dificuldades aos simpatizantes do ex-presidente que prometem se concentrar junto ao prédio do Tribunal Regional Federal.
O Globo anuncia que “o juiz Osório Avila Neto, da 2 ª Vara Federal de Porto Alegre, determinou, desde já e até três dias após o julgamento, a proibição de acampamentos no interior do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, também conhecido como Parque Harmonia, localizado a menos de 300 metros do Tribunal”. A ação visa especificamente o Movimento dos Sem Terra, mas tem alcance geral.
A desculpa é a de que isso iria “causar o caos no trânsito”, embora a Harmonia seja um parque fechado e imenso onde há, aliás, a tradição de acampamentos. É lá o centro das comemorações relativas à Guerra dos Farrapos e o famoso Acampamento Farroupilha, onde a gauchada monta suas barracas, churrasqueiras e até seus galpões e estrebarias na “Semana” de festas (que dura duas, de 7 a 20 de setembro), com mais de um milhão de visitantes.
É só você olhar a foto do local para ver que, se não pode concentrar gente ali, em nenhum lugar se poderia. A única rua que precisaria ser interditada (e certamente o será, de qualquer forma) é a Dr. Otávio Caruso da Rocha, diante do TRF-4.
Seria mais sincero que Sua Excelência dissesse: “não queremos que haja e não haverá manifestação, porque a democracia é relativa e e manifestações devem ser apenas a favor, porque a Justiça é um poder supremo e inquestionável. Afinal, passamos num concurso público que nos torna emissários de Deus na Terra. Portanto, manifestação que nos questione é blasfêmia”.
Ou então que proíba a Semana e o Acampamento Farroupilha, porque vão “causar o caos no trânsito”.
Mas aí acho que a gauchada não será tão pacífica.