Rosa Luxemburgo bateu de frente com os chefes da burocracia parlamentar do Partido Social-Democrata Alemão (SPD) e os seus ideólogos. E levou ‘porrada’ como resposta à convicção de que “o processo de tomada de consciência das massas operárias resulta menos da atividade “esclarecedora” do partido do que da experiência de ação direta e autônoma dos trabalhadores.”
“É o proletariado que vai derrubar o absolutismo na Rússia. Mas o proletariado necessita para isso de um alto grau de educação política, de consciência de classe e de organização. Todas essas condições não podem surgir da leitura de panfletos e brochuras, mas somente na escola da luta e na luta política viva, no curso da revolução em marcha.”
Michel Löwy escreveu que “Ao contrário de Lenine, que distingue a “consciência sindical” da “consciência social-democrata”, ela sugere uma distinção entre a consciência teórica latente, característica do movimento operário no período de dominação do parlamentarismo burguês, e a consciência prática e ativa, que surge no processo revolucionário, quando as próprias massas, e não apenas os deputados e dirigentes do partido, aparecem na cena política, cristalizando a sua “educação ideológica” diretamente na práxis; é graças a essa consciência prático-ativa que as camadas menos organizadas e mais atrasadas se podem tornar, num período de luta revolucionária, o elemento mais radical.”
Rosa e Lenine trocaram críticas em vários momentos.
“O socialismo não é, propriamente, um problema de comer com faca e garfo, mas um movimento de cultura, uma grande e poderosa concepção do mundo”, disse ela.
Quando Rosa saudou a revolução bolchevique de 1917 e não sem críticas, Lenine escreveu:
“pode acontecer que as águias voem mais baixo que as galinhas, mas uma galinha jamais pode voar tão alto como uma águia. Rosa Luxemburgo enganou-se (…) mas apesar dos seus erros, foi – e para nós continua sendo – uma águia (…) no pátio detrás do movimento operário, entre os montes de esterco, as galinhas tipo Paul Levi, Scheidemann e Kautsky cacarejam à volta dos erros da grande comunista.
Nestor Kohan resumiu assim: “A vida de Rosa foi apaixonante. Rompeu com os moldes trilhados. Nunca aceitou baixar a cabeça. Revoltou-se e, confiando na sua própria personalidade, entregou o melhor da sua energia à nobre causa da revolução mundial, a causa da classe trabalhadora, dos explorados e oprimidos do mundo.”
Até hoje milhares de pessoas peregrinam para o cemitério Friedrichsfelde, em Berlim, para visitar o túmulo de Rosa, assassinada brutalmente em 1919 aos 48 anos.
Suas críticas seguem atualíssimas.