No DCM, por Kiko Nogueira – Eles deram os primeiros espasmos em 2014, quando mandaram Dilma tomar no cu na abertura da Copa.
Viram que tinham voz e, sobretudo, plateia e câmera para exercer sua falta de civilidade, de modos e de inteligência.
Pegaram impulso ao longo dos anos seguintes, puxados pelas milícias do MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online, entre outros.
Invadiram as ruas pelo impeachment, apareceram na televisão, deram entrevistas, ficaram famosos, criaram coreografias vexaminosas.
“Nossa bandeira jamais será vermelha”, gritavam, entre outras palavras de ordem saídas da Guerra Fria e da cabeça de publicitários corruptos.
“Primeiro a gente tira a Dilma, depois o resto”, era a desculpa deles.
Dilma caiu, assumiram Temer e sua gangue — e os coxinhas se calaram por vergonha, pelo incômodo com as panelas enfiadas em recônditos de seus corpos e porque, na verdade, o que queriam mesmo era tirar o PT do poder e o Brasil que fosse para o inferno.
Em 2018, finalmente voltaram aos holofotes, alcançando a consagração como tema de desfile de escola de samba.
Foram retratados fielmente como uma vergonha, uma piada, um equívoco e um bando de manipulados.
A escola de samba Paraíso do Tuiuiti, do Rio, atravessou a avenida com as cores da bandeira e um Temer fantasiado de vampiro (ou vice versa) num carro alegórico.
O enredo se chamava “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?” No aniversário de 130 anos da Lei Áurea, a Azul e Amarelo questionou se os escravos, de fato, não existem mais.
Esses guerreiros do povo brasileiro poderão se orgulhar, bater no peito e contar para seus filhos e netos que aqueles palhaços no Sambódromo eram eles.
Tudo na tela da Globo, como foi no início da louca cavalgada em que atiraram a si mesmos e ao país na lata do lixo.