Ao contrário do que esperavam os poderosos aliados e a manipulável torcida popular do golpe que derrubou um governo legítimo, nada de ruim foi esquecido por conta da folia momesca.
Na mais intensa manifestação cultural do país os golpistas foram humilhados.
A estória contada pela grande mídia nos últimos três anos foi passada a limpo nas ruas de várias cidades e na maior vitrine do carnaval brasileiro.
Michel Temer amarga um vexame de repercussão internacional por ser retratado como o vampiro que sugou direitos de todos e a consciência de uma parcela da população sobre o que é certo e errado, bom e ruim no contexto de uma nação.
O desfile da Paraíso do Tuiuti na Marquês de Sapucaí lavou a alma dos que não embarcaram no golpe à democracia em 2016.
Quem lutou por um Brasil para todos se sentiu vingado com a ridicularização de quem lutou por um Brasil para poucos.
A ala dos ‘manifantoches’ da FIESPE foi um recado para que o mundo não meça os brasileiros com uma só régua.
A vassalagem dos manipulados pelo maior conglomerado de comunicação foi denunciada na avenida, em ruas, praças, na internet e até nos programas da Rede Globo.
É da Globo o título de mais antipática no carnaval de rua.
A cobertura ao vivo implodiu a mentira de que há normalidade no âmbito institucional e no cotidiano dos brasileiros.
Dois coros romperam a blindagem da Rede Globo às massas: “Fora Temer” e “Olê, Olê, Olá, Lula!”.
A cada um o que é de seu merecimento, afinal, um construiu um novo país e deixou o governo com 80% de aprovação e o outro o destruiu em menos de dois anos com a mais alta rejeição popular.
Soou uníssono nas ruas e até no silêncio dos covardes: não temos que manter isso, viu?
A Beija-flor de Nilópolis encerrou seu desfile com a multidão em passeata contra o retrocesso no combate à desigualdade social.
A escola mostrou que a sociedade que é conivente com a concentração de riqueza e ódio aos mais pobres se torna vítima da indiferença.
Foi sem dúvida, uma mensagem de protesto ainda mais emblemática que a da Tuituti neste carnaval.
Os que não sabem amar e não se preocupam com justiça social podem aprender, alertou a beija-flor no samba-enredo.
“Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vêm ver brilhar
Mais um menino que você abandonou
Oh pátria amada, por onde andarás?
Seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
Você que negou o amor
Vem aprender na beija-flor.”
Apesar do azedume nas duras críticas sociais neste carnaval, o sentimento de amor à pátria reacendeu.
Tanto, que não se ouviu sequer em um beco lamacento o coro da torcida do ódio, dos manifantoches de Jair Bolsonaro.
O monstro que sonha com a presidência da república, o porta-estandarte do preconceito e porta-voz da barbárie foi submetido à invisibilidade.
E para que não virem protesto e piada no próximo carnaval, fica o alerta à torcida do monstro.
O amor vencerá o ódio.