Não é a maldição da cabeça de burro que dizem haver enterrada no prédio do legislativo estadual, que pra lá atrai tantos escândalos.
É o eleitor rondoniense que tem feito papel de burro mesmo.
O parlamento é formado majoritariamente por quem herdou curral eleitoral, tem máquina ou dinheiro para vencer a disputa às vagas.
Só com boas intenções, raramente um deputado estadual se elege nesta aldeia repleta de caciques sem autoridade moral.
Deputada só tem uma e de sobrenome Donadon, o que dispensa explicações.
Se é indiscutível a legitimidade de ocupar o espaço na casa de leis, resta jogar a culpa na cara do eleitor que se deixa manipular por embalagens ao invés de conteúdo.
Vários escândalos de corrupção envolvendo deputados e deputadas estaduais ainda tramitam na justiça e outro vem à tona com um estarrecedor áudio clandestino.
O presidente da casa, Maurão de Carvalho, é orientado pelo deputado Jesuíno Boabaid – conservador que defende militarização das escolas – a usar um pedido de impeachment para chantagear o governador Confúcio Moura.
Resumindo, a trampolinice seria para enfraquecer o vice-governador, Daniel Pereira, maior que Maurão na disputa pelo comando do estado, obrigando o governador a abrir mão de concorrer ao senado e permanecer no cargo.
Não importam os detalhes do plano diabólico e as fissuras entre MDB e PSB, entre governador e vice.
À sociedade, está claro que o diálogo entre os deputados não representa o tipo de política e de políticos que o estado precisa.
A trama revela o quão pouco sabemos da relação frágil e violenta entre os poderes e do que os políticos são capazes quando os interesses se chocam.
Por que não um protesto por explicações e investigações, hoje na Assembleia?
É grave, muito grave que o interesse particular de grupos políticos se sobreponha ao interesse público, como sugere o deputado Jesuíno ao mencionar em áudio denúncia de crime de responsabilidade que seria utilizada como instrumento de chantagem.
É urgente que elejamos representantes sem catinga de suspeita de nada!
Não basta que o poder do mandato emane do povo, mas que em seu nome seja exercido.
Os rondonienses não cansam de escândalos na Assembleia Legislativa?
Os de hoje não viverão pra ver um parlamento qualificado, honesto, transparente e comprometido unicamente com o bem estar coletivo?
Rejam!
Pelo amor de Deus, reajam!