Mulher, nordestina e indígena, Sônia Guajajara é o nome que vai compor, junto com Guilherme Boulos, a chapa do PSOL para a Presidência da República nas eleições de 2018. À frente da coordenadoria executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ela é uma das maiores lideranças ambientais do país, unificando mais de 305 povos em torno de pautas que combatem os interesses dos setores mais poderosos da sociedade brasileira.
É primeira vez na história do país que uma indígena compõe uma chapa para disputar a Presidência da República. A pré-candidatura do PSOL é uma aliança com diversos movimentos sociais e simboliza os mais de 500 anos de luta dos povos oprimidos do Brasil, em defesa de um programa de justiça, igualdade e defesa de direitos.
Vida e militância
Sônia é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Filha de pais analfabetos, deixou suas origens pela primeira vez aos 15 anos, quando recebeu ajuda da Funai para cursar o ensino médio em Minas Gerais. Depois, voltou para o Maranhão, onde se formou em Letras e Enfermagem e fez pós-graduação em Educação Especial.
Sua militância indígena e ambiental começou ainda na juventude, nos movimentos de base, e logo chegou ao Congresso Nacional – onde Guajajara foi linha de frente contra uma série de projetos que retiravam direitos e ameaçavam o meio ambiente. Em poucos anos, ela ganhou projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos povos originários.
Em 2010, ela entregou o prêmio Motosserra de Ouro para Kátia Abreu, à época ministra da Agricultura, em protesto contra as alterações do Código Florestal. Tem voz no Conselho de Direitos Humanos da ONU e já levou denúncias às Conferências Mundiais do Clima (COP) de 2009 à 2017, além do Parlamento Europeu, entre outros órgãos e instâncias internacionais. No ano passado, discursou contra o governo Temer e pela demarcação de terras indígenas durante o Rock in Rio, convidada pela cantora Alicia Keys.
Sônia Guajajara já recebeu vários prêmios e honrarias, como o Prêmio Ordem do Mérito Cultural 2015 do Ministério da Cultura, entregue pela então presidenta Dilma Rousseff. Também foi agraciada com a Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, em 2015, e com a Medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas na Terra Indígena Arariboia.
Pré-candidatura
Membro do Setorial Ecossocialista do PSOL desde 2011, Guajajara lançou-se pré-candidata à Presidência da República no 6º Congresso Nacional do partido, em dezembro do ano passado. Com o manifesto “518 anos depois“, propôs uma candidatura indígena, anticapitalista e ecossocialista.
Na Conferência Cidadã, evento de movimentos sociais e artistas que aconteceu em São Paulo no dia 3 de março, entretanto, ela se colocou à disposição para compor a chapa com Guilherme Boulos. Na mesma semana, durante debate entre os pré-candidatos no Rio de Janeiro, retirou oficialmente sua pré-candidatura em favor da aliança.
No dia 10 de março, os 126 delegados da Conferência Eleitoral do PSOL decidiram, sem votos contrários, seu nome para pré-candidata à Vice-Presidência. Agora, segue para fazer construir uma campanha histórica!
“A luta que o MTST faz aqui na cidade é a luta que nós fazemos em nossas aldeias pra garantir nosso território, que é nossa morada, nossa casa. As ocupações da cidade são as nossas retomadas lá no campo. É uma luta só. O que diferencia a gente é o lugar que travamos essa luta. Não podemos mais aceitar as imposições de uma minoria que não representa ninguém, só a si mesma”.
Fonte: Site do PSOL