Da Coluna O espectador : O povo quer saber
Vivemos tempos em que a sociedade quer saber exatamente como e onde os seus recursos são aplicados. Dessa discussão não escapa sequer o Judiciário, que enfrenta amplos debates sobre, por exemplo, o recebimento do auxílio-moradia. Levando isso em conta, “O Espectador” fez um levantamento sobre os gastos dos oito deputados federais de Rondônia com a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar de abril de 2017 para cá. E concluímos que…
Ranking do meio milhão
A deputada federal Mariana Carvalho, do PSDB, foi a mais gastadora, digamos assim. No período apontado, a congressista torrou exatos R$ 552.221,95. Logo em seguida vem Marcos Rogério (DEM), com dispêndios de R$ 522.351,01; Nilton Capixaba (PTB), com R$ 511.418,43, e Lindomar Garçon (PRB) com R$ 502.368,28 – todos eles ultrapassaram a marca de meio milhão de reais.
Na faixa dos R$ 400 mil, Netto foi o mais gastador / Reprodução-YouTube
Abaixo
Logo depois surgem os deputados Expedito Netto (SD), com R$ 479.031,32; Lúcio Mosquini (MDB), com R$ 471.213,70; Luiz Cláudio (PP), com R$ 456.117,49, e, por fim, Marinha Raupp, também emedebista, com o gasto de R$ 447.457,20.
Total da brincadeira
O valor total desembolsado pelos parlamentares de Rondônia chega a R$ 3.965.516,34.
Salário mínimo para 4,1 mil pessoas
Com o valor alcançado, só para se ter ideia, seria possível pagar um mês de salário mínimo, atualmente fixado em R$ 954,00, a 4.156 pessoas – e ainda sobrariam uns quebradinhos.
Cassol foi o senador de Rondônia que mais gastou em 2017 / Imagem: Divulgação
E o troféu Senador Perdulário vai para…
Em 2017, os senadores Acir Gurgacz (PDT), Valdir Raupp (MDB) e Ivo Cassol (PP) também gastaram uma boa grana. Cassol é o “campeão” do ano passado, com R$ 414.696,19; logo em seguida vem Raupp com gastos na ordem de R$ 412.549,02, e finalmente Gurgacz – com R$ 400.382,50. Total de R$ 1.227.627,71. O troféu Senador Perdulário fica, então, com o progressista. Parabéns, ex-governador!
Transparência?
Não há transparência no controle de gastos na Câmara nem no Senado. O usuário comum quando tenta acessar os conteúdos das notas fiscais dos serviços realizados pelos parlamentares geralmente se depara com os seguintes dizeres: documento indisponível. Resumidamente, você custeia a atividade dos políticos, mas não pode saber especificamente com o quê.
O difícil acesso à informação / Imagem: Reprodução
Moral/legal
A gastança dos congressistas é legal, porque há previsão em lei; mas é óbvio que moralmente um político gastar R$ 552 mil em 365 dias, ou seja, R$ 1.512,00 a cada 24h, é o suprassumo do despudor.
Cassol sabe onde fica Rondônia, certo? Então a Agência Senado errou feio…
Desista, nós moramos em Roraima
Falando em Cassol, a própria Agência Senado não sabe diferenciar Rondônia de Roraima, RO de RR. Então que se exploda, né? Nós somos de Roraima. Confira aqui antes que corrijam.
Ação popular contra Jesualdo
A juíza de Direito Ana Valéria de Queiroz Santiago Zipparro julgou improcedente ação popular movida contra o ex-prefeito de Ji-Paraná Jesualdo Pires (PSB). O autor da ação, Luiz Antônio Albuquerque, alegou que Jesualdo nomeou Solange Mendes Codeço Pereira ao cargo de secretária da Regularização do Município de Ji-Paraná “por indicação partidária”. Destacou, ainda, que Solange Mendes foi condenada por improbidade e que esta não teria a “honestidade que o cargo exige”.
Jesualdo se livrou de ação popular em primeira instância / Foto: Divulgação
Calma lá…
A magistrada pontuou que, embora Solange tenha sido condenada por improbidade, “não fora declarada sua inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “L”, da Lei 64/90, qual incide sobre candidatos que tenham sido condenados por abuso de poder público ou econômico”. Mais adiante sacramentou: “Desse modo, a nomeação da parte requerida, Solange Mendes Codeço Pereira, pelo Prefeito Jesualdo Pires na data de 13 de março de 2017, por meio do Decreto nº 7362/GAB/PM/JP/2017, conforme Id nº 9052320, atendeu aos critérios objetivos descritos na legislação”.
Cravinhos foi preso suspeito de agredir mulher e tentar subornar policiais em Sorocaba (SP)
(Foto: Carlos Dias)
O crime cravado
O G1 publicou “Cristian Cravinhos é preso suspeito de agredir mulher e tentar subornar policiais no interior de SP”. Uma leitura apurada indica que, por ora, os indícios são apenas testemunhais; entretanto, se comprovadas as acusações, Cristian Cravinhos – condenado pela morte dos pais de Suzane Richthofen – demonstrará que em alguns casos não há o que recuperar: o crime está, de fato, cravado na alma e encrostado à personalidade.
Contato
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Autor / Fonte: Vinicius Canova / O Espectador