Ronilson Souza Oliveira, 37, conhecido como “Rô” ou Gabriely Francciny, foi brutalmente assassinado no último sábado (28) em Porto Velho (RO).
Mais um travesti numa estatística que cresceu 30% em 2017 e que o Brasil lidera, a de homicídio de LGTBs.
Os estudos de agências internacionais de direitos humanos revelam que aqui se mata mais do que em 13 países do Oriente Médio e África, onde há pena de morte para a homossexualidade.
A cada 19 horas, 1 homossexual ou transgênero é assassinado ou suicida. De 2000 a 2017, o número de LGBTs assassinados saltou de 130 para 445.
Pois, justo no dia em que a vida de mais um travesti foi tirada com extrema violência, o deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO), publicou um vídeo nas redes sociais para dizer que o Brasil não deve “avançar” na agenda de proteção aos LGBTs.
O deputado evangélico fez questão de se opor à criação do Conselho Estadual LGBT, que o governo propôs e a Assembleia Legislativa aprovou.
Em vários estados é esse Conselho que ajuda na implementação de políticas públicas para que direitos dessa parcela da sociedade não sejam ignorados.
O deputado Marcos Rogério afirma justamente o contrário.
“O avanço dessa agenda representa um retrocesso, um afronta à família e um risco à criação de políticas públicas, especialmente na educação.”
Ele diz que o que os movimentos LGBTs querem é impor “sua agenda, seus padrões, costumes, hábitos, preferências.”
Mas, isso é justamente o que a bancada obscurantista de Marcos Rogério quer.
A agenda LGBT avança sobre o ordenamento jurídico do país que ainda é laico.
Eles podem mudar de nome, casar, adotar crianças.
Ou seja, constituir família.
À luz do direito e não à escuridão que Marcos Rogério frequenta.
Retrocesso é negar essa realidade impedindo o debate sobre a pluralidade familiar nas escolas.
Agora, quem é Marcos Rogério para se colocar como porta-voz da família brasileira?
Ele votou SIM à PEC 241, que congelou por 20 anos, investimentos em serviços essenciais às famílias, como saúde e educação.
Ele votou SIM à Reforma Trabalhista que acabou com direitos dos trabalhadores, um golpe ao bem-estar das famílias.
Que famílias ele defende? A dos evangélicos retrógrados como ele.
A pauta LGBT é mundial e não é de movimentos de minorias.
O que Marcos Rogério faz é impor sua pauta eleitoreira, já que não tem outra.
É só para eleitores encabrestados pela obtusidade de algumas igrejas, que o deputado tenta abortar um projeto aprovado em duas comissões legislativas com uma pequena emenda e, também no plenário.
As eleições que se aproximam têm deixado muitos políticos desesperados com a vontade de mudança que paira no ar.
Os que se elegem com votos segmentados, sobretudo os de igrejas, estão fazendo tudo para permanecer no poder, como reforçar a pauta do ‘falso moralismo’ em nome de Deus, da Pátria e da Família.
Mas, tomando Marcos Rogério como exemplo de rígidos valores éticos e morais, simplesmente não cola.
Só vi uma pessoa neste imenso país chorar quando o ex-deputado corrupto Eduardo Cunha foi cassado.
Isso mesmo, Marcos Rogério.
Foi tão bizarra a cena que a imprensa nacional deu destaque.
Quando o projeto de criação do Conselho LGBT foi aprovado escrevi que às vezes, a ‘fé’ move montanhas para onde jamais deveriam existir.
Marcos Rogério expressou num vídeo a montanha de preconceito que impede o Brasil de sair do ranking de assassinatos de homossexuais e transgêneros.
O deputado chamou de minoria a população LGBT, que se de uma hora para outra se tornasse maioria, muitos mudariam de discurso e até de preferência de sexo só para garantir vaga na política.
Não é de minoria que falamos, mas de uma parcela que com muita luta e sangue deixou de ser invisível e jamais voltará a ser.
Veja o texto em vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-rwFau5GlI4