No Deutsche Welle – Número de travestis e transexuais concorrendo no pleito de 2018 é dez vezes maior que em 2014. Também nos EUA, participação de transgêneros nas eleições de meio mandato é a maior da história.
Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), as eleições deste ano terão ao menos 53 candidaturas de pessoas trans. A associação aponta que o número é dez vezes maior que o do pleito de 2014, quando houve apenas 5 candidaturas.
“Pela primeira vez no país teremos uma candidata ao Senado Federal; duas candidatas a deputada distrital pelo DF; 17 a deputada federal; e 33 a deputada estadual”, informa a Antra. A associação lista candidaturas em 19 estados da federação mais o Distrito Federal.
A associação ressalta que o levantamento foi feito por campanha própria, sem apoio e sem fins lucrativos, com o objetivo de incentivar e dar visibilidade a travestis e transexuais candidatos em 2018.
Os números podem sofrer alterações, pois os requerimentos das candidaturas ainda estão sendo julgados pela Justiça Eleitoral.
De acordo com o levantamento, o PSOL é o partido com maior número de candidaturas trans (20), seguido do PT (5) e do PCdoB (5). O PSB traz quatro representantes para a disputa eleitoral e o PMB, três. PSDB, Rede, MDB e PCB têm duas candidaturas cada. Já o PDT, DEM, Avante, PPS, PP, PTB, PSD e PHS contam com uma candidata trans cada.
O levantamento da Antra inclui tanto as candidaturas de pessoas trans que já retificaram o nome em cartório, como aquelas que registraram o nome social – forma como transexuais e travestis querem ser reconhecidos socialmente.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, em março, o uso do nome social na urna para candidatos trans, registrando 28 candidaturas com o nome de escolha no pleito de 2018. Além disso, a Antra informa que o TSE determinou que pessoas trans passem a concorrer na cota destinada ao gênero feminino nas legendas.
Primeira candidata ao Senado
A travesti Duda Salabert, de 36 anos, concorre ao Senado por Minas Gerais com seu nome social. Ela destacou que não quer que sua candidatura seja reduzida apenas ao debate da transexualidade.
“A pauta central da minha candidatura é educação já que sou professora há 18 anos. Defendo o ensino público, as universidades públicas, a pesquisa e trago a proposta de perdão da dívida do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] para os estudantes desempregados”, disse. “Investir em educação é investir no combate à LGBTfobia”.
Educadora popular, presidente da ONG Tranvest em Belo Horizonte, que oferece cursos gratuitos para travestis e transexuais e tem uma casa de acolhimento para a população transgênera em situação de rua, Duda conta que concorre ao Senado para mudar o status quo que, historicamente, exclui a pauta transexual.
Pautas plurais
“O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo”, diz a associação. Somente em 2018, houve mais de 100 assassinatos de pessoas trans no país. No ano passado foram 179.
“A nossa principal demanda é esta: erradicar a violência e os assassinatos da nossa comunidade”, afirma Keila Simpson, presidente da Antra.
Simpson destacou que uma pauta prioritária é a questão da violência, mas que isso não significa que o candidato ou a candidata vai responder apenas pela comunidade LGBT. “São candidaturas plurais, não é uma candidatura de uma pauta só”, acrescentou.
Participação de trans nas eleições dos EUA é maior da história
Também nos EUA, a participação de candidaturas trans é a maior da história americana nas eleições de meio mandato que serão realizadas em novembro . Pelo menos 43 candidatos apresentaram-se na fase das primárias dos partidos para vagas em nível municipal, estadual e federal.
Até agora quatro venceram e há ainda pelo menos 22 na disputa para confirmar as candidaturas. O melhor desempenho até então para candidatos transgêneros havia sido em 2010, quando dez disputaram cargos estaduais e municipais.
CA/abr/ots