Me sinto tentada, confesso, ao debate raso, ao ‘jogar na cara’.
Mas, este momento dramático do país é para testar o quanto cada um consegue ser bom e não mau.
Não vou tirar onda do cara que casou várias vezes e vota num cara que também casou várias vezes e quer ensinar como se protege a união familiar.
Cada um tem sua história e casar, descasar e casar de novo não significa romper laços familiares. Às vezes, até amplia e fortalece.
Também não vou tirar onda do dependente químico que vai votar no cara que promete mandar prender quem ignora leis e acabar com a progressão de pena.
Creio em políticas de prevenção, ressocialização e na volta por cima.
Zombar de quem é vítima de preconceito por cor ou nacionalidade e vai votar no cara processado por racismo, nem pensar!
Fui processada também, mas por denunciar o racismo.
Tortura, não consigo sequer ver em filmes. Como banalizar crime de lesa-humanidade só pra lembrar quem agora apoia, que dia desses condenava?
Não vou ficar dizendo que é pobre quem acha que é classe média, nem apavorar homosexual que se sente seguro porque ‘não se expõe’ e muito menos lembrar mulher com independência financeira que ela se sujeita a dependência emocional.
Meu dever é resistir à tentação de debater com gente sem vergonha ou juízo.
Não é fácil, mas nessas horas que a gente vai fundo na gente mesmo.