A vida ao vivo é muito pior

A vida ao vivo é muito pior

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Volto à superfície depois mais um mergulho na invisibilidade.

O assentamento Enilson Ribeiro, em Seringueiras, concentra mais de mil pessoas.

Mais de 300 crianças.

Os camponeses ocupam uma área de cerca de 9 mil hectares que estava há décadas sob a posse de um rico fazendeiro. É a segunda vez que entram na terra para forçar o Incra a cumprir seu dever com a reforma agrária.

Na primeira vez, houve cerco policial de de 36 dias com a desumana proibição de entrada de alimentos.

Só por divulgar que fui acompanhar audiência pública para dirimir a questão agrária, recebi mensagens do tipo: “invasores de terra! Tem que despejar mesmo esse povo que toma terra boa e não produz nada!”.

Foi exatamente o que a justiça fez: expulsou, acabou com o latifúndio criado com fraudes.

Repito, expulsou o invasor latifundiário.

A questão agora é promover a função social da terra, assentando de forma legal quem mais precisa.

Certamente há quem considere o latifundiário detentor do direito à terra, mesmo tendo invadido e ocupado por tanto tempo terra da União.

“Cada ponto de vista é a vista de um ponto” e entre eles, o que a grande imprensa conta sem isenção.

Mergulhar na invisibilidade dos pequenos é oportunidade valiosa de compreender com os próprios olhos e coração.

“No Brasil, 2 mil latifúndios ocupam área maior que 4 milhões de propriedades rurais”, segundo resultados preliminares do Censo Agropecuário do IBGE que será divulgado em 2019.

A quem não enxerga nada errado nisso, sugiro um mergulho na vida ao vivo.

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