Meu primeiro e último voto para presidente foram decididos com base nas propostas dos candidatos.
É a primeira vez que sou ameaçada por um candidato ao exercer um direito tão valioso não para mim, mas para a democracia.
Não voto em Jair Bolsonaro e se eleito, me opuser às suas decisões, serei presa ou obrigada a fugir do país.
O recado foi claro: faxina ideológica!
Só quem se submete desde já às ordens do ditador, não tem com o que se preocupar.
Sou militante do campo popular democrático, em posição ideológica à esquerda.
Sou feminista, jornalista, blogueira com histórico de denúncias que ninguém ousou fazer.
A partir de hoje, sou alvo numa sociedade estimulada à perseguição dos que resistem ao levante fascista.
Sou a filha, irmã, mãe e amiga que quem apoia Bolsonaro torce para ver ‘varrida’ da sociedade brasileira.
Nem os mais próximos que gostam de mim se dão conta dos riscos a que estou exposta. Se vou merecer meu destino, nenhum deles se preocupa em refletir.
Mas, não os perdoo, pois sabem o que fazem.
Estou com medo, confesso.
Não de resistir e lutar, mas de experimentar o passado de autoritarismo com suspensão de direitos e repressão violenta que só soube pelos livros.
Essa semana participo de uma mesa de diálogo na Universidade Federal de Rondônia para debater ‘O Fascismo e os desafios da resistência democrática’.
Será a última até que o pensamento único, com viés ideológico à extrema-direita, ocupe todos os espaços de diálogo e poder?
O ovo da serpente logo irá se romper. Quem poderia lhe esmagar está acovardado.
O Supremo Tribunal Federal foi reduzido ao mais reles poder, o que pode ser fechado com um cabo e um soldado.
Esse poder já perdeu os olhos para os corvos que criou.
Já que fugir do país é improvável, cadeia para mim é possível.
A tortura psicológica começou.
Mas, com ameaça, com o silêncio do STF, com tudo, voto Haddad com o número 13 e jamais me renderei ao fascismo.