Rosangela Lazaro de Oliveira foi alertada por um usuário sobre a imagem falsa, mas, mesmo assim, fez questão de manter a publicação em seu perfil particular
A advogada Rosangela Lazaro de Oliveira, atuando em nome tanto do PSL quanto do candidato da legenda ao Governo de Rondônia Coronel Marcos Rocha, ingressou com representação eleitoral contra o site de notícias Rondônia Dinâmica.
Até aí, tudo bem.
Mas na peça inicial as alegações da sigla e do militar giram em torno de supostas “informações falsas” patrocinadas pelo jornal eletrônico em matéria intitulada “Precisa se explicar – Coronel Marcos Rocha conta sobre propostas de propina e pode, sem querer, ter confessado um crime”.
A reportagem relata discurso proferido pelo postulante em Cerejeiras, onde, acampanhado de aliados, asseverou que, quando ocupou a Secretaria Municipal de Educação em Porto Velho, recebeu propostas de propina que chegaram até R$ 1 milhão.
Em seguida, amparado a depoimentos de dois advogados criminalistas, o texto indica que Marcos Rocha pode ter confessado – mesmo sem querer – um crime.
No trecho mais emblemático da notícia em questão, Rocha destaca:
“‘Ocupei, sim, funções no governo. Mas foi para servir Rondônia’, disse.
‘Já fui secretário de Educação de Porto Velho e na época eu recebi uma proposta indecente de corrupção de R$ 200 mil. Não aceitei e eles aumentaram a oferta para R$ 400 mil, depois para R$ 500 mil e depois para R$ 1 milhão. Nunca aceitei’.
[…]
Rondônia Dinâmica buscou a opinião de dois advogados criminalistas e ambos acreditam que, caso a história de Rocha esteja completa, ele pode, sim, ter incorrido na prática de prevaricação porque, na condição de agente público e principalmente por conta de ser policial militar, deveria tanto ter dado voz de prisão em flagrante aos corruptores quanto tomado as demais providências necessárias para que os responsáveis fossem julgados em todas as esferas cabíveis”, informou o site.
A liminar solicitada foi negada pelo juiz de Direito Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RO), garantindo a livre manifestação do pensamento e a liberdade de informação jornalística. O mérito não foi julgado.
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Rosangela Lazaro de Oliveira elaborou petição muito bem fundamentada e com ótimos argumentos – se tivesse sido endereçada a si própria. A advogada aparece em seu perfil particular no Facebook em fotos com o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro e o próprio Marcos Rocha, o que, obviamente, denota a mais irrestrita liberdade de expressão voltada à democracia.
Então, qual é o problema?
No dia 08 de outubro, a advogada Rosangela Lazaro publicou uma imagem de Manuela d’Ávila (PCdoB), candidata a vice na chapa de Fernando Haddad, do PT, uma semana antes de assinar a representação contra o jornal Rondônia Dinâmica alegando a suposta veiculação de notícias falsas.
A imagem é a mesma fake news que já rodou o Brasil em todas as redes sociais. Manuela d’Ávila surge vestida com uma camiseta com os dizeres “Jesus é Travesti”, o que representa a mais absoluta mentira.
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No entanto, a frase exposta na blusa era “Rebele-se”.
A coisa piora de figura quando Rosangela é alertada por um usuário que a chama de tia, indicando o erro:
“Foto falsa, tia. Na verdade está escrito liberte-se [na realidade, rebele-se, como expus acima]”.
A advogada retruca: “Pode ser falsa, mais (sic) ela é anticristã”, recebendo duas curtidas no comentário.
O usuário treplica: “Verdade, mas fica feio pra senhora postar fakes. Eles são baixos, já estão queimados […]”.
Ela insiste: “Não acho feio porque ela apoia os artistas que fala (sic) que Jesus é gay, portanto não é novidade o posicionamento dela. Quem apoia concorda”, bate o pé.
Com toda a aula que Rosangela Lazaro tentou aplicar em sua peça jurídica contra o jornal online rondoniense, a advogada não pode, principalmente agora, alegar ignorância, até porque foi avisada na postagem sobre o conteúdo falso e distribuído para quem quisesse ver.
Abaixo, a síntese das considerações da advogada – em grifo amarelo – sobre como são danosas as informações falsas atribuídas ao Rondônia Dinâmica, mas que, na realidade, ela própria distribui sem consciência ou receio de punição abertamente em suas redes sociais.