Não deu pra quem quis, o espaço no auditório da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, na capital, em evento que teve como tema de debate O Crescimento Do Fascismo E Os Desafios Da Resistência Democrática.
Muitos foram impedidos de entrar por uma norma interna sem pé, nem cabeça, que não permite acesso a quem estiver de bermuda.
“Isso é um absurdo! A universidade é ambiente plural e deve primar pelo acesso democrático, não por restringi-lo”, disse um estudante inconformado ao ser barrado.
Promovido pela Pró-Reitoria de Cultura, o debate foi mediado pelo cientista político João Paulo Viana e teve a participação do Doutor em Direito Penal, Marcus Oliveira, da jornalista Luciana Oliveira, do coordenador da Frente Brasil Popular, Ramon Cujuí e do Doutor em Estudos Literários, Vitor Cei.
Várias universidades se dedicam a promover reflexão sobre o espectro do fascismo que ronda vários países, entre eles, o Brasil.
As redes sociais deram voz a grupos que pregam o resgate de valores fascistas como autoritarismo, o nacionalismo, o controle dos meios de comunicação e a repressão aos opositores com prisão, morte ou exílio.
A ONU alertou no início deste ano para o perigo da banalização de discursos de ódio, desprezo aos direitos humanos e às garantias fundamentais com nefasta influência política.
“Alguns partidos que necessitam de votos, estão felizes de dar um verniz de respeitabilidade para ideias vis”, disse o secretário geral António Guterres.
Entre os debatedores é unânime a preocupação com a eleição que será decidida no próximo domingo, 28, tumultuada com ameaça ao Supremo Tribunal Federal, à imprensa e aos partidos de esquerda.
A uniformização do pensamento com viés ideológico é uma característica do fascismo que está presente no discurso do candidato à frente nas pesquisas de intenção de votos.
“O grande fenômeno do século XX é a expansão do que a gente chama de democracia. Se você vai para a metade do século XX, ninguém gostava de democracia. Vale ressaltar que a democracia como sistema político é inimiga mortal do capitalismo, porque ela tem uma lógica que é a lógica da igualdade e da inclusão”, disse Ramon Cujui.
Como promover a resistência democrática é o grande desafio.
Para Luciana Oliveira, “a imprensa alternativa cumpre papel fundamental em defesa das conquistas democráticas. O golpe de 2016 que derrubou a presidenta Dilma Rousseff foi midiático-parlamentar-judicial. E como quem cria corvos tem os olhos comidos por eles, mídia e judiciário encaram o ameaças nuas, inequívocas ameaças de controle com corte de verbas estatais e até uso de força militar.
Estamos assistindo inacreditavelmente à ameaça de fechamento do Supremo Tribunal Federal, com ofensas misóginas e calúnias contra membros da Corte. Nosso dever é resistir e atacar o retrocesso”.
Vitor Cei destacou que no caso do Brasil, para impedir o triunfo do autoritarismo, é fundamental que se proteja a memória.
“Na Alemanha, campos de concentração viraram museus. No Brasil, senzalas foram transformadas em botecos. Um museu para lembrar a tortura e morte das vítimas da escravidão e da ditadura militar seriam fundamentais para inibir a relativização desses crimes”, disse.
A Pró-Reitora, Marcelle Pereira, considerou que ao promover o debate a UNIR honra seu histórico de protagonismo em defesa da democracia.
“A universidade é um espaço de reflexão que sempre colaborou com a transformação social por meio da democracia e dos marcos civilizatórios. Estamos atentos às ameaças ao que temos de valioso e que precisamos preservar”, disse.