Indígenas, muçulmanas e um governador gay: os perfis inovadores nas eleições dos EUA

Indígenas, muçulmanas e um governador gay: os perfis inovadores nas eleições dos EUA

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Oito candidatos eleitos, a maioria deles mulheres democratas, fazem história nas legislativas deste ano

No El País
Antonia Laborde

A diversidade foi uma das ganhadoras indiscutíveis da eleição desta terça-feira, 6, nos Estados Unidos. Nunca tantas mulheres haviam concorrido ao Congresso e esse aumento no número de candidatas se refletiu nos resultados. Mas não foram só elas que fizeram história. As minorias conseguiram feitos como a eleição das duas primeiras congressistas indígenas e do primeiro candidatado abertamente homossexual. Como resultado, o novo Congresso será o mais representativo até hoje. Das candidaturas que mais prometiam romper com o status quo, essas são as que chegaram lá:

Alexandria Ocasio-Cortez, a mulher mais jovem. Com 29 anos, ela conseguiu se transformar na mulher mais jovem a entrar no Congresso. A estrela democrata das legislativas ganhou por ampla vantagem no 14° distrito de Nova York. Há exatamente um ano era garçonete em um restaurante mexicano e hoje é uma das figuras emergentes mais relevantes do Partido Democrata. A latina do Bronx conseguiu vencer o republicano Anthony Papas sem dificuldade, apesar de não ter passado político e o apoio de grandes poderes financeiros.

Jared Polis, o primeiro governador homossexual. O político, empresário e filantropo, ao contrário de Ocasio, tinha um grande orçamento e de seu próprio bolso. O democrata do Colorado conseguiu ser o primeiro governador abertamente homossexual dos Estados Unidos. Polis, de 44 anos, tem um patrimônio líquido estimado em quase 400 milhões de dólares (1,5 bilhão de reais). O governador democrata de Nova Jersey, Jim McGreevy, eleito em 2001, se declarou homossexual enquanto ocupava o cargo.

Deborah Haaland e Sharice Davids, as primeiras indígenas. As americanas nativas conseguiram algo inédito. O Congresso nunca teve uma indígena entre seus representantes em seus mais de 230 anos de história e nessa eleição duas conseguiram entrar. Uma delas é Deborah Haaland, a nova legisladora do Novo México. Haaland, de 57 anos, pertence à tribo de Pueblo de Laguna, uma das 566 reconhecidas legalmente no país. Com uma vitória que chegou aos 60% dos votos, a democrata deu um passo à frente na política após quase duas décadas nos bastidores. A outra é Sharice Davids, democrata pelo Kansas, que é a primeira mulher nativa e abertamente lésbica a chegar a uma das Câmaras. A votação de 53% que recebeu permitiu à advogada entrar triunfalmente em Washington.

Rashida Tlaib e Ilhan Omar, as primeiras muçulmanas. As muçulmanas, que nunca haviam sido representadas, também obtiveram uma vitória dupla. A democrata Rashida Tlaib, filha de pais imigrantes palestinos, venceu em Michigan. Mesmo sem oponente porque os republicanos não apresentaram candidato, o mérito da advogada de 42 anos é histórico, entre outras coisas, por romper com o establishment instalado em seu próprio partido. Ilhan Omar, muçulmana, também se transformou na primeira legisladora norte-americana de origem somali. A democrata de 33 anos fugiu com sua família da guerra da Somália, viveu quatro anos em um campo de refugiados no Quênia e chegou aos Estados Unidos quando tinha 12.

Ayanna Pressley, a primeira congressista negra de Massachusetts. Outra candidata que tinha a vitória certa por não ter concorrência. Pressley, oriunda de Chicago, é a primeira legisladora negra de Massachusetts. Pertence à ala progressista do Partido Democrata e foi a grande surpresa das primárias ao desbancar Michael Capuano, um político com 20 anos de experiência no Congresso. Foi vítima de assédio sexual quando era criança e aos 19 anos. “Nenhum de nós disputou para fazer história. Disputamos para fazer uma mudança”, disse Pressley nesta terça-feira em seu discurso de agradecimento.

Marsha Blackburn, primeira senadora no Tennessee. A republicana é a primeira senadora eleita no Tennessee. Blackburn, de 66 anos, esteve no olho do furacão durante a nomeação do juiz do Supremo Tribunal Brett Kavanaugh, a quem apoiou apesar da polarização social em seu Estado sobre o assunto. Apoia a construção do muro na fronteira com o México, as leis anti-imigração de Trump e a punição aos jogadores da liga de futebol americano que se ajoelharem durante o hino. O pedido de Taylor Swift para que os eleitores não votassem nela não funcionou, já que venceu seu concorrente por mais de 10 pontos.

Veronica Escobar e Sylvia Garcia, as primeiras legisladoras latinas do Texas. As duas democratas conseguiram vitórias esmagadoras. Dessa forma, representarão o Texas na Câmara de Representantes dos Estados Unidos. Ainda que os latinos sejam quase 40% da população do Estado, os texanos nunca haviam eleito uma mulher latina ao Congresso.

Um dos favoritos da lista era o candidato democrata Andrew Gillum, que pretendia se transformar no primeiro governador negro da Flórida, mas perdeu por quase quatro pontos de diferença para o republicano Ron DeSantis.

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