As Mulheres na UFSC durante a Ditadura Militar

As Mulheres na UFSC durante a Ditadura Militar

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Esse é um dos títulos do relatório final da Comissão Memória e Verdade da UFSC, apresentado nesta semana. O texto trata do protagonismo delas no movimento estudantil.

Três das principais lideranças femininas estavam entre os 15 delegados que participaram do Congresso clandestino da UNE em outubro de 1968, em Ibiúna (SP): Derlei Catarina de Luca, Gilda Laus e Rosemery Cardoso.

O processo do DOPS de São Paulo revela que 723 estudantes foram fichados após o fechamento do Congresso da UNE. Dentre eles, 15 eram catarinenses. “Estava definitivamente acabado para mim o período de estudante. Partia para outra vida”, relatou Derlei no seu livro No Corpo e na Alma sobre as prisões.

“Apesar do número pequeno de mulheres em relação aos homens, é notável a sua presença na comitiva, pois foram à Ibiúna as principais lideranças do movimento estudantil”, aponta o documento.

Na fala das entrevistadas desse período a percepção é de que as mulheres eram muitas, ou mais que os homens. “A gente tinha uma discussão muito de igual mesmo para com os homens. Mas eu vou te dizer, eu tenho certeza que isso também era pela propriedade dos argumentos, sem dúvida. Porque eu acho que aí é que se igualam os gêneros. E como a gente tinha isso muito claro, os homens tinham que ter bons argumentos pra contrapor!”, disse Thais Lippel, na época estudante de Medicina.

Na década de 1970 a universidade foi expandida com aumento de cursos e estudantes, o que elevou também o número de mulheres. Muitas dessas estudantes narram a entrada à Universidade como um momento de iniciação política.

“Tinha preocupação em saber a origem da miséria. Porque tinha tanta gente pobre, porque tinha gente rica. Mas eu não tinha compreensão que vivíamos numa ditadura militar, nem que havia tortura nesse país, que havia prisioneiros”, disse Rosângela Koerich Souza sobre o véu que se abriu ao entrar na UFSC em 1975, primeiro cursando Letras e no ano seguinte mudando para o Direito.

Entre as lideranças também estavam também Marize Lippel, eleita presidenta da do CABM que representava o centro Bio-Médico, em 1978; e Ligia Giovanella vice da chapa que venceu, em 1979, a primeira eleição direta para o DCE desde o golpe militar.

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Como analisa a comissão, a base de mulheres possibilitou a reorganização do movimento estudantil na UFSC que protagonizou em novembro de 1979 uma das principais mobilizações contra a ditadura: a Novembrada.

Estudantes, trabalhadoras/es, donas de casa e até crianças protestaram em frente ao Palácio Cruz e Sousa, centro da capital, contra a visita do ex-ditador João Figueiredo. Dia em que diversas pessoas foram presas, entre elas as estudantes Lígia Giovanella, Marize Lippel e Rosângela Koerich de Souza.

Fotos: Acervo Agecom

#SomosMuitasNaResistência

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