As chapas que concorrem são pedaços do mesmo grupo, colados após implosão de vaidades, traições e ganâncias.
De um lado tem o advogado Elton Assis, a meu ver com mais lastro profissional, sobretudo na área sindical. Com ele, entre muita gente boa, uma turma bem ‘pesada’ que eu gostaria de ver longe da Ordem por razões que passei anos explicando.
Do outro, Maracélia Oliveira, a meu ver capaz e corajosa, mas com humildade e simpatia circunstanciais e pouca habilidade com a mangueira pra apagar incêndio. Com ela, uma turma mais ‘leve’ e a sempre saudável alternância, sobretudo no Conselho Federal, que garante mais refrigeração.
Certo é que quem ganhar tem condições de devolver o protagonismo da OAB enfrentando as assustadoras ameaças ao Estado Democrático de Direito com a eleição do extremista Jair Bolsonaro.
Mas, particularmente, duvido que qualquer um dos dois se dedique como eu gostaria, a proteger prerrogativas profissionais para garantir a plenitude dos direitos da sociedade.
Para defender o interesse coletivo deveriam ter demonstrado de que lado estão na luta por avanços ou retrocessos em nosso país.
São muitos os advogados e advogadas deslumbrados com o levante fascista contra os direitos humanos, contra as minorias, contra a livre manifestação de pensamento e contra a luta por terra, igualdade e justiça.
Os candidatos não promoveram nenhum ato para debater o atrofiamento de consciências dentro da Ordem.
E não abriram o debate para não perder votos de advogados apoiadores do extremista Jair Bolsonaro, como tantos candidatos comuns nas eleições proporcionais e majoritárias.
Vença quem vencer, só espero que o novo presidente ou presidenta, se dedique a resgatar o compromisso da advocacia com sua função primordial:
“Defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”.
Do contrário, a OAB não perderá essa cara de clube social, sem compromisso com o seu estatuto e com a sociedade.