Da redação da AND – A Nova Democracia
Chegou à redação de AND relato de camponeses denunciando a criminosa reintegração de posse da Área Revolucionária São Francisco, próxima aos municípios de Ariquemes e Rio Crespo, em Rondônia.
A reintegração ocorreu no dia 5 de dezembro, por tropas da Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do estado. Uma camponesa, em entrevista ao AND, afirmou que o despejo ocorreu em nome de um latifundiário chamado Sebastião, que é grileiro de terra pública. Ele foi também o responsável pelo processo que resultou no despejo da mesma área, em 2012.
O latifúndio e o velho Estado destruíram casas de cerca de 150 pessoas, com cerca de 420 alqueires com farta e diversa produção. “É humilhante ver tudo que você tem sendo arrancado.”, relatou a camponesa. As galinhas e outras criações dos camponeses foram abandonados pelo Incra, que não quis carregá-los, assim como toda a produção. A camponesa recorda que o milho, por exemplo, estava pronto para a colheita, mas nada puderam fazer.
Por experiência própria dos camponeses, o grileiro Sebastião, herdeiro do falecido latifundiário Daniel Roberto Stivani, pouco se preocupa em produzir nas terras onde ocorreu o despejo, algo exposto em suas entrevistas na matéria recentemente publicada em nosso Portal: Ameaçados de despejo, camponeses da Área São Francisco abandonam ilusão e persistem na luta.
Os camponeses, que foram visitados por uma equipe de AND em outubro deste ano, deram vários relatos sobre a luta que travam pela terra. “Se a gente não tivesse ocupado de novo teria tudo morrido de fome, foram quase dois anos sem receber nenhuma cesta básica”, comenta um camponês em uma das entrevistas, na ocasião.
Eles foram enganados pelo Incra que, em 2012, prometeu que seriam assentados em uma terra. Eles acreditaram e passaram sete anos vivendo na miséria no acostamento de uma rodovia estadual, perdendo seus poucos bens como armários, guarda-roupas e outros objetivos. Um dos camponeses morreu de tristeza, segundo sua esposa. O assunto ainda toca o sentimento dos camponeses, num misto de tristeza e raiva.
O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), durante a reintegração do dia 5, fez nova promessa de assentar os camponeses em no máximo quatro meses na mesma terra. Mas, a camponesa desconfia: “Da última vez que disseram isso nós esperamos por sete anos”. E arremata: “Se vai dar a terra, para que tirar o povo? É isso que está mal explicado”.
Os camponeses, entretanto, depois de anos de luta, sabem que não devem acreditar nos órgãos do velho Estado. “No Incra não dá pra confiar, nós temos que confiar no nosso trabalho e no nosso povo.”, comentou um dos camponeses durante à visita da equipe de AND na área.
Para conhecer mais da história da Área e da luta destes camponeses, acesse a matéria acima citada clicando aqui.