Desde o dia em que foi eleito, Jair Bolsonaro publicou 345 manifestações nas suas redes sociais, com destaque para uma promessa inicial: “Nossa missão agora é unir o Brasil! Missão dada é missão cumprida!”.
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Apesar das postagens logo após o dia 28 de outubro terem sugerido uma inflexão em seu comportamento —ele chegou até a agradecer as palavras de felicitações do oponente Fernando Haddad (PT)—, Bolsonaro rapidamente retomou o tom da campanha na internet, seu meio de comunicação preferido. Ele tem 10,2 milhões de seguidores no Facebook, 8,8 milhões no Instagram e 2,8 milhões no Twitter.
De todas as suas manifestações nesse período, 27% foram de críticas à imprensa ou à esquerda e ao PT, partido que derrotou nas urnas.
Outros 22% foram compartilhamentos de sites e perfis aliados, que contêm ataques a órgãos de comunicação e a opositores.
Um dos alvos de Bolsonaro foi reportagem da Folha que relatou que ele, apesar de ter obtido 13 milhões de votos no Norte e Nordeste, tomaria posse pela primeira vez na história da República sem nenhum representante dessas regiões no primeiro escalão.
“A Folha de SP continua a fazer um jornalismo sujo e baixo nível. Agora insinuam falta de representatividade das regiões Norte e Nordeste nos ministérios, como se nascer em uma região se traduzisse em competência e não nascer significasse descaso e abandono. Vão quebrar a cara!”, publicou no dia 21 de dezembro.
“#fakenews”, escreveu, no mesmo dia, sobre reportagem do jornal “O Globo” que relatava que o futuro ministro Osmar Terra (Cidadania) já havia conversado com ele sobre proposta de limitar venda de bebidas alcoólicas, principalmente em áreas violentas.
Em ações paralelas, Bolsonaro frequentemente compartilha críticas de seu filho Carlos (vereador no Rio de Janeiro e mentor das ações do pai nas redes sociais) aos meios de comunicação, além de postagens de sites e perfis que lhes são simpáticos, como “República de Curitiba” e “Renova Mídia”.
Desde o período pré-eleitoral, Bolsonaro tem manifestado posições agressivas em relação a veículos de comunicação, em especial a Folha. O jornal revelou, entre outras informações, a acelerada evolução patrimonial dele e de sua família, a existência de uma funcionária fantasma em seu gabinete e atuação de empresários para impulsionar no WhatsApp mensagens anti-PT durante as eleições.
Em vídeo exibido a seus apoiadores durante manifestação na avenida Paulista, em outubro, Bolsonaro afirmou que “a Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil” e disse que o jornal não terá mais verba publicitária do governo.
Já eleito, escreveu em 17 de novembro: “Graças a Deus temos a internet para ter informação e desenvolvimento!”.
Em relação à esquerda e ao PT, o presidente eleito adota nas redes sociais o mesmo argumento de campanha de que o partido quebrou e roubou o país.
Lula, que está preso desde abril após condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é personagem frequente de suas manifestações. “Acabaram as eleições e as visitas íntimas na prisão diminuíram!”, ironizou, em 1º de dezembro, se referindo à visita de petistas ao ex-presidente, em Curitiba.
A metade das postagens que não integram a artilharia do presidente eleito se divide entre agradecimentos, anúncios ou promessas do novo governo, além de outros temas, como vídeos de seus compromissos e de suas entrevistas.
Após as eleições, Bolsonaro anunciou nas redes sociais 14 dos seus 22 ministros —Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) já haviam sido indicados antes da vitória nas urnas.
Da FSP