Em campanha Jair Bolsonaro foi o candidato que se ofereceu sem pecado e atirou não só a primeira pedra, mas muitas contra quem era acusado de violar a lei ou desafiar os bons costumes.
Para dar força a seu discurso eleitoreiro messiânico, apelou à mensagem bíblica que impõe um desafio de honestidade a justiceiros pecadores: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
É o que Jesus teria dito para impedir o apedrejamento de uma mulher flagrada em adultério.
Ninguém ousou a impiedade confrontado com a sua consciência.
Com menos de um mês de governo a verdade do discurso de Bolsonaro contra a corrupção e a bandidagem o desmascara e desmoraliza.
E vem através dos filhos que ele diz ter educado tão bem para seguirem sem desvios o caminho da lei.
O primogênito tem verdades expostas que até um cego pode ver.
O senador Flávio Bolsonaro domina há dias o noticiário nacional e o pai finge não ter qualquer tipo de responsabilidade.
Onde estava o pai quando esse filho se meteu com quem não presta?
O fato é que os brasileiros ficaram sabendo com a ajuda de que tipo de gente Flávio conseguiu ser o mais bem votado no Rio de Janeiro e naturalmente, ajudou a eleger o pai presidente e o irmão deputado federal.
Isso mesmo, de bandidos!
Agora está fácil provar por que pai e filhos sempre foram condescendes com a atuação de milícias que praticam crimes como agiotagem, extorsão a moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia, além de execuções de quem não paga ou cria obstáculos à cobrança.
Se investiga que entre as pedras no caminho dos milicianos, esteve a vereadora Marielle Franco, assassinada com seu motorista Anderson Gomes, há quase um ano.
Flávio Bolsonaro homenageou um major que foi preso nesta terça-feira, 22, em operação contra milícia que atua em grilagem de terras.
Outro miliciano denunciado que está foragido, também foi homenageado e teve a mãe e a mulher nomeadas no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Tudo está na fase investigação, mas que Flávio cumpriu atividade legislativa para e com bandidos, está provado.
E o que o pai, o presidente, tem a ver com isso?
Como a mãe do miliciano na lista de depósitos suspeitos na conta de Queiroz, aparece a primeira-dama, Michele Bolsonaro.
O presidente disse que se refere ao pagamento de um empréstimo que teria feito ao ex-assessor do filho.
Ou seja, estão envolvidos no escândalo o filho e a mulher, o que não é pouca coisa para cobrar de um presidente que teve o discurso contra a corrupção e a bandidagem como catapulta do baixo clero político.
Tem que explicar direito o negócio que fez com Queiroz, sim!
E tem que mandar o ministro da justiça, Sérgio Moro, se posicionar imediatamente e duramente sobre esse escândalo como fazia com outros potencialmente menos graves.
Ou os que se colocaram como salvadores e prometeram varrer do Brasil a corrupção e os bandidos, não podem atirar as pedras porque a consciência não lhes permite?