MARK ZUCKERBERG ESTÁ TENTANDO TE ENGANAR – DE NOVO

MARK ZUCKERBERG ESTÁ TENTANDO TE ENGANAR – DE NOVO

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No The Intercecpt, por  – SE VOCÊ PROCURAR BEM, vai encontrar no site da Saudi Aramco – a maior produtora de petróleo do mundo – uma discreta página intitulada “Enfrentando o desafio do clima”. Ali, a gigante dos combustíveis fósseis afirma: “Nossas contribuições para o desafio do clima são uma expressão concreta de nosso ethos, balizada pelas políticas da companhia, e de uma conduta empresarial que enfrenta o desafio do clima.” Palavras vazias, é claro – assim como o anúncio feito por Mark Zuckerberg na quarta-feira (6) sobre sua nova “visão das redes sociais com foco na privacidade”. Não nos deixemos enganar por nenhum dos dois.

Da mesma forma que a Saudi Aramco, o Facebook tem ajudado a fazer do mundo um lugar pior, e não é nenhuma surpresa que a empresa esteja sob uma constante chuva de críticas. Mas escrever um mero – e vago – post de blog é muito mais fácil do que lidar com as consequências nefastas de seu modelo de negócios e reestruturá-lo completamente.

“Quando penso no futuro da internet, acredito que uma plataforma de comunicação com foco na privacidade será ainda mais importante do que as plataformas abertas atuais”, escreve Zuckerberg, subitamente transformado em defensor da privacidade, um verdadeiro apóstolo Paulo convertido na estrada de Damasco. As cerca de 3 mil palavras de seu manifesto dão a impressão de que o Facebook estaria se reformulando – a companhia deixaria de rastrear o que lemos, compramos, vemos e ouvimos para vender a outras empresas uma oportunidade de influenciar nossos atos. Na realidade, porém, há apenas uma mudança no novo Facebook “com foco na privacidade”: a adoção da criptografia de ponta-a-ponta em todos os serviços de mensagens instantâneas da marca. Essa transição tecnológica impediria qualquer um, inclusive o Facebook, de ter acesso às mensagens dos usuários.

E só.

Embora seja uma medida louvável – e extremamente bem-vinda para dissidentes em países com rigorosa vigilância governamental –, prometer um dia abandonar o poder de bisbilhotar a vida de 2 bilhões de pessoas não faz de você um santo. Além do mais, Zuckerberg não deu nenhum detalhe concreto além de um plano para efetivar as mudanças “nos próximos anos”, o que não inspira muita credibilidade, já que o Facebook ainda não implementou as medidas de privacidade prometidas depois dos escândalos em que se envolveu recentemente.

“Sei que muitos não acreditam que o Facebook possa ou mesmo queira desenvolver esse tipo de plataforma com foco na privacidade”, escreve Zuckerberg em seu texto epifânico. Eu sou um desses “muitos”, assim como não acredito na seguinte tentativa da Saudi Aramco de se antecipar às críticas: “Para alguns, a ideia de uma empresa de petróleo e gás dando sua contribuição ao desafio do clima é uma contradição. Nós achamos que não.”

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