Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia – O botânico francês Auguste Saint Hilaire, em sua passagem de seis anos pelo Brasil, entre 1816 e 1822, escreveu um livro em vários volumes – “Voyages dans l’interieur du Brésil” –que ficou célebre por uma frase:
“Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”.
Ele se referia a uma saúva literal e a problemas que causava à lavoura brasileira, em especial à de Minas Gerais.
A frase pegou.
Anos depois, em 1915, o escritor Lima Barreto a colocou na boca do protagonista de seu “Triste fim de Policarpo Quaresma”.
A saúva, aí, transcendia o inseto malfeitor. Era uma saúva metafórica.
Em 1928, Mário de Andrade adaptou a frase em sua obra prima, “Macunaíma”:
“Muita saúva e pouca saúde os males do Brasil são”.
Como o Brasil não acabou até agora, tudo indica que as saúvas foram exterminadas.
A praga que assola o país agora é outra.
Mais destrutiva que a das saúvas – literais e metafóricas.
Ou o Brasil acaba com Bolsonaro ou Bolsonaro acaba com o Brasil.