“Bauman utiliza a metáfora do caçador e jardineiro para simbolizar a era pré-moderna e moderna. Segundo Zygmunt Bauman, na era pré-moderna, a metáfora do caçador descreve melhor a presença humana na terra: o caçador é aquele que protege seus terrenos de qualquer interferência externa e acredita num equilíbrio da natureza.
O caçador vê uma estabilidade funcional na presença de cada elemento no mundo e não se importa em acabar com os recursos de um dado espaço, pois pode se mover para outro espaço e utilizar mais recursos.
A vida do caçador é feita de guerra com outros caçadores e proteção do ambiente que se explora.
Já na era da modernidade, a presença humana parte para uma visão reflexiva da sociedade, pautada numa noção de progresso que envolve projetar aquilo que se quer fazer antes da ação. O jardineiro sabe quais plantas devem ser plantadas e quais devem ser cortadas, ele também entende que a ordem no mundo depende do esforço de cada um, não de uma lei exterior.
Segundo Bauman, quando a utopia passa a ser deixada de lado na sociedade líquida, o caçador volta a tomar lugar do jardineiro e as regras fixas do equilíbrio da natureza voltam a produzir formas variadas e variantes, em que a condição humana volta a ser dominada por uma angustia e insegurança insustentáveis.”
Por Vinícius Siqueira, em Colunas Tortas