Movimento Indígena – São 16 anos de Acampamento Terra Livre (ATL), a maior marcha indígena nacional, pacífica, legítima e cultural na última semana de abril em Brasília. Acontece que dessa vez, os indígenas serão recebidos pela Força Nacional. Bolsonaro pediu e o Ministro da Justiça Sergio Moro autorizou o uso da Força Nacional de Segurança, a partir de hoje, em toda capital federal.
Segundo o Gabinete de Segurança Institucional, a Força Nacional já está de prontidão. A APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – já divulgou uma resposta sobre a medida:
“Parem de incitar o povo contra nós! Não somos violentos, violento é atacar o direito sagrado a livre manifestação com tropas armadas, o direito de ir e vir de tantas brasileiras e brasileiros que andaram e andam por essas terras desde muito antes de 1500. O ATL é um encontro de lideranças indígenas nacionais e internacionais que visa a troca de experiências culturais e a luta pela garantia dos nossos direitos constitucionais, como a demarcação dos nossos territórios, acesso à saúde, a educação e a participação social indígena”.
NOTA DA APIB SOBRE O USO DE FORÇA CONTRA O ATL
Este ano, a mobilização questiona o desmonte da política indigenista com a transferência da FUNAI para o Ministério da Mulher, a entrega da demarcação indígena e licenciamento ambiental para o Ministério da Agricultura sob comando de ruralistas, a negociação de empreendimentos de mineradoras estrangeiras em terras indígenas, a liberação de porte de armas no campo frente a intensificação de conflitos territoriais. A pauta indígena é de todo defensor da natureza e da rica biodiversidade brasileira. Queremos que a nossa Constituição seja respeitada.
A moradora de Alter do Chão Leila Verçosa, que acompanhou as duas últimas edições do ATL, diz temer muito pelos indígenas esse ano. “Eu fui e acompanhei todos os dias. Vi eles levarem muita bomba de gás e machucarem ao se aproximarem da Esplanada dos Ministérios. Eles manifestam com as indumentárias de guerra e isso causa apreensão nos militares e com isso eles “têm” motivos para atirar contra, com esses armamentos de dispersão como essas bombas. Problema é que com a tal “violenta emoção” do pacote do Moro eles podem atirar pra matar se virem os indígenas se aproximarem armados, mesmo que seja em missão de paz… Então, provavelmente, penso eu, que terão que caminhar sem esses facões, e sem os arcos e flechas para garantirem segurança na caminhada deles até a Esplanada, ou podem nem conseguir se aproximarem para, enfim, realizarem o contato com os representantes políticos de lá. E pior, podem mesmo morrer atingidos pelos militares. É preocupante!”