“Inimigo de índio é inimigo meu!”

“Inimigo de índio é inimigo meu!”

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No Conexão Planeta – O primeiro Congresso Indigenista Interamericano aconteceu em 1940, na cidade do México. Contou com a participação de diversas autoridades governamentais de países da América e vários lideres indígenas que foram obviamente convidados para participar de reuniões sobre temas importantes, entre estes a demarcação de terras. Mas eles não compareceram nos primeiros dias do evento. Desconfiados e temerosos pois há séculos vinham sendo perseguidos e massacrados, demoraram alguns dias para entrar em cena.

Depois de alguns encontros e reflexões, que acompanham de longe, perceberam que se tratava de um momento histórico e que sua participação era imprescindível. Isso aconteceu em 19 de abril daquele ano. E, por este motivo, o dia passou a ser considerado como uma data comemorativa: o Dia do Índio.

Faz 79 anos. E, neste momento, num certo país chamado Brasil, não se tem muito o que comemorar neste dia.

O governo federal, com enfeites e engodos, tenta tirar todos os direitos até aqui alcançados com muito sangue e lágrimas. Colocando seus interesses acima dos interesses da nação, o presidente iniciou uma campanha para erradicar os indígenas do solo nacional. Preconceito racial e ódio para os povos tradicionais é a sua marca.

Aqui, tentando escrever sobre este assunto, me perco em pensamentos raivosos sobre os principais temas em questão:
– Demarcação de terras
– Garimpo em áreas indígenas: querem mudar o nome desta atividade degradante para mineração
– Agronegócio e os venenos nos alimentos
– Integração do índio à sociedade…

São tantas as atrocidades que eu me desvio do caminho inicial rapidamente, sem conseguir destacar qualquer possibilidade de comemorar esta data que, na sua origem, simboliza conquista de direitos.

No entanto, se olharmos para o passado, podemos ver que, sim, temos o direito e o dever de celebrar, pois não faz muitas décadas, as populações indígenas sofreram na pele sua dizimação. Entre os anos 60 e 80, inúmeras etnias foram massacradas e quase desapareceram. A ditadura matou cerca de 8 mil indígenas, de formas diversas.

É verdade que, de lá para cá, houve um aumento expressivo desses povos tradicionais. O índio ganhou voz e passou a ter um rosto. Depois de 500 anos de mordaça, ele se levantou e mostrou sua importância na proteção, não apenas de seu território, mas também na preservação da natureza para toda humanidade.

General Philip Henry Sheridan (1831/1888), que promoveu o genocídio de indígenas durante a conquista do Oeste Americano, criou a infeliz frase índio bom é índio morto. Pois eu cunhei uma frase também. Foi durante o percurso de trabalho com os indígenas brasileiros, que iniciei há mais de trinta anos. Infelizmente, eu a tenho usado cada vez com mais freqüência, mas, ao contrário da frase de Sheridan, a minha está cheia de humanidade e de coragem e, por isso, convido você a adotá-la também, nestes tempos tão sombrios: Inimigo de índio é inimigo meu.

Estou pronto para a luta. Quem está comigo?

Foto: Renato Soares / Edição: Mônica Nunes

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