Por que a Guarda Civil Municipal de Ouro Preto pisoteou um tapete de serragem que homenageava a vereadora assassinada, Marielle Franco, em celebração da Páscoa na região central de Minas Gerais?
A ‘justificativa’ seria de que o cunho político autorizou a censura.
Dá para acreditar nisso?
Fosse o nome do ex-coronel, Brilhante Ustra, condenado por tortura durante a ditadura e exaltado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, os guardas teriam desfeito o desenho?
Não.
E não, porque se o presidente gozou de plena liberdade para se expressar a favor da tortura e desdenhar do assassinato de uma vereadora que defendia os direitos dos oprimidos, o guarda da esquina também pode.
Os guardas não cumpriram com dever legal ao impor a censura, mas agiram por flagrante motivação ideológica, na contramão da garantia constitucional que ordena plena a liberdade de expressão.
O fizeram, porque se sentem autorizados pelo presidente que a todo custo quer estandardizar o seu pensamento bárbaro.
Bolsonaro estimula a força em detrimento da lei, é o mal exemplo.
A reação do Comando da Guarda Civil Municipal às críticas pela censura, é flagrante submissão a ‘nova velha ordem’ de reprimir o certo para que triunfe o errado.
“Quanto ao episódio onde os agentes municipais desmancham desenhos de cunho político entre outros que nenhuma relação possuem com os “tapetes devocionais”, informamos que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados”, diz nota do Comando.
De novo, o fato nos remete ao que disse Pedro Aleixo, vice-presidente civil do general Costa e Silva, sobre o perigo do Ato Institucional n. 5 na ditadura, que suspendeu direitos fundamentais para barrar a reações de quem não estava alinhado com o governo.
“Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país; o problema é o guarda da esquina”, disse.
O potencial destrutivo do mal exemplo de Bolsonaro, dispensa autorização formal.
Ele empodera os maus naturalmente. Foi escolhido por comandos de ódio em gatilhos mentais disparados antes, durante e após as eleições presidenciais.
Chocante seria o nome dele num tapete de celebração cristã, o que felizmente, ninguém ousou fazer.
Se fizessem, os guardas também não o pisoteariam.
Marielle era mulher digna e comprometida com o bem-estar coletivo, foi calada a balas por defender as minorias por quem Jesus Cristo também doou a vida.
Ela lutou como o filho de Deus contra bandidos poderosos para que todos tivessem vida plena.
Em tempos de ódio galopante, sua fama se espalhou como a de ‘Um Certo Galileu’ que tinha tanto amor.