Em campanha lançada para comemorar seus 25 anos, Instituto Socioambiental dá voz a indígenas e populações tradicionais em meio a ataques do Governo Bolsonaro a ONGs
No El País, por Marina Rossi
“Vamos seguir resistindo”. Essa é a principal mensagem que a campanha #PovosDaFloresta pretende passar. Por meio de um vídeo veiculado na internet, TV e cinemas, 25 lideranças indígenas, quilombolas e ribeirinhas tentam chamar atenção para a luta pela proteção ambiental e em defesa dos direitos dessas comunidades. A iniciativa é do Instituto Socioambiental (ISA), que completa 25 anos neste ano.
No vídeo, estão no alvo os garimpeiros, grileiros e demais invasores de terra. “Se a floresta, ou a natureza de maneira geral, é nosso passaporte enquanto país para algum futuro, os povos que vivem nela são seus verdadeiros guardiões”, diz André Villas-Bôas, secretário-executivo do ISA. “Temos que valorizar a enorme contribuição dessas comunidades para o equilíbrio ecológico do planeta”.
A campanha, que começou a ser veiculada nesta terça-feira, é lançada em um dos momentos mais tensos para as Organizações Não Governamentais no Brasil. Em um vídeo na última semana, o presidente Jair Bolsonaro reiterou, mais uma vez, sua ofensiva a essas organizações. Ao lado de lideranças indígenas, o presidente afirmou que “todas as ONGs, todos os que trabalham contra vocês, são nossos inimigos”. Bolsonaro defendia o uso de terras indígenas para o agronegócio e a mineração. “O garimpo é uma atividade legal também. Onde não é legal, se legaliza”, afirmou o presidente
Desde as eleições, Bolsonaro vem atacando ONGs e órgãos fiscalizadores. Um de seus primeiros feitos como presidente, ainda no dia 3 de janeiro, foi assinar uma Medida Provisória que incluía nas atribuições da Secretaria de Governo o monitoramento e coordenação de ONGs e organismos internacionais. Comandada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz, a Secretaria de Governo deve, de acordo com o texto, “supervisionar, coordenar, monitorar e acompanhar as atividades e as ações dos organismos internacionais e das organizações não governamentais no território nacional”.