247 – O colapso econômico que assola o Brasil fez com que aplicativos de serviço como Uber e iFood sejam os maiores “empregadores” do País, se tornando a principal renda de quase 4 milhões de autônomos, quando deveria ser fonte complementar. “O trabalho com aplicativos foi potencializado pela crise e deve se consolidar como complemento de renda quando o mercado de trabalho melhorar”, disse o economista Sergio Firpo, do Insper, ao Estado de S. Paulo.
“Após quase três décadas trabalhando como gerente de vendas de imóveis, Salomão Sousa, de 57 anos, se viu sem saída: com sua principal fonte de renda prejudicada pela recessão, as comissões, que em alguns meses passavam de R$ 80 mil, sumiram. Sem pensar duas vezes, ele guardou o diploma de Direito e se tornou motorista do Cabify há dois anos e meio”, conta a reportagem.
Já são 5,5 milhões de profissionais cadastrados – entre autônomos e os que têm emprego fixo, mas usam apps como complemento – nas plataformas de mobilidade e entrega de produtos como Uber, 99, Cabify e iFood, de acordo com o Instituto Locomotiva.
“A relação entre motoristas e aplicativos, porém, já rendeu brigas na Justiça, tanto no Brasil quanto no exterior. Em março, a Uber teve de pagar US$ 20 milhões a motoristas que moveram uma ação contra a empresa nos Estados Unidos. Os profissionais alegavam que eram empregados da companhia e não contratados independentes. Em agosto, uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo reconheceu o vínculo de emprego entre um motorista e a Uber, mas o mesmo tribunal já havia tomado uma decisão em sentido contrário”, conta O Estado.