Muitos de nossos patrióticos congressistas são empresários. Nada menos que 47 deles devem R$ 320 milhões ao INSS.
No DCM, por Mauro Donato
São quarenta e quatro deputados e três senadores proprietários ou sócios de empresas que têm dívidas previdenciárias com a União.
Lá estão nomes certeiros como Fernando Collor ou Celso Russomanno. Mas também políticos que ficaram mais conhecidos recentemente na atual cruzada anticorrupção e que hoje em dia povoam as telas de TV pregando a necessidade inadiável, inapelável, urgentíssima da reforma da Previdência.
Pastor Marco Feliciano (R$ 26.643,00), Bia Kicis (R$ 1.115,00), Joice Hasselmann… Pois é, Joice está pendente em R$ 5.412,00. Aliás, só do partido de Bolsonaro, o PSL, são cinco deputados. Somente a turma defensora da moral e do bom costume de fazer arminha com os dedos deve R$ 232.777,00 no total.
O papa do PSL, deputado estadual Luciano Bivar, que fundou e preside o partido até hoje, tem uma dívida de estratosféricos R$ 137.188,00.
Com um pendura desses, não é de se estranhar que Bivar tenha considerado as denúncias do laranjal do PSL como “tão pequenas que não merecem nem comentário”.
Luciano Bivar é milionário, tem um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 14,7 milhões. Há alguns anos concorreu à presidência da república e prometeu que, se eleito, ninguém mais precisaria declarar Imposto de Renda.
Seis vezes presidente do Sport Club Recife, como deputado tem uma atuação muito similar à de Jair Bolsonaro em sua irrelevância. Jamais teve um projeto de sua autoria transformado em lei.
Os dados foram obtidos junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e todos os políticos do PSL têm suas dívidas classificadas como “irregular”, ou seja, estão em processo de cobrança ou recurso jurídico. Empresas nessa categoria não podem tirar Certidão Negativa de Débitos, o que as impede de participar de licitações e de pegar empréstimos em bancos públicos, por exemplo, mas há outras restrições.
As explicações não surpreendem mais ninguém. Permanecem mirabolantes exercícios de pega-trouxa: “O meu filho tinha um funcionário que fez um registro retroativo na empresa que administrava que gerou esse débito e o contador estava aguardando uma anistia ou mesmo um desconto proposto pelo governo Temer o que não saiu”, declarou o deputado Luiz Ovando (PSL-MS). Ele deve R$ 15.119,00 e afirmou estar “em negociação com a receita para parcelamento do débito”.
Essa resposta do deputado confirma o que já se sabe há muito tempo. Grandes devedores deixam de pagar de maneira consciente no aguardo de uma anistia vinda de governo amigo.
Já publicado aqui no DCM, a entrevista ocorrida na Rádio Guaíba com a presença de um ex-ministro da Previdência, o direitista (!!) Jair Soares, e de Paulo Paim (esquerdista) revelou que o déficit da Previdência é uma fraude. Ninguém que conheça um pouco o assunto e tenha um mínimo de sinceridade ao abordar o tema deixa de reconhecer.
A reforma da Previdência é algo que todos parecem querer desde que não mexam com a sua. Os militares não querem, a Marinha não quer, nem o Exército, nem magistrados, ninguém.
Então enquanto o pobre povo cai na lorota de que a reforma é necessária pras coisas andarem para a frente e aceita passivamente que os números e cálculos que comprovem isso sejam mantidos em sigilo, será ele o único a pagar o pato, como sempre.
Os grandes devedores, como os bolsonaristas cínicos, perpetuarão seus bons costumes impunemente e com aposentadoria integral.