Virei colecionadora de gente sensata

Virei colecionadora de gente sensata

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Uma vez fui fazer reportagem num clube de tiro e tentei acertar um pato de madeira.

Levei um sopapo da arma no peito e na consciência. Foi uma emoção violenta.

Isso não é pra mim, pensei.

Terminei com dois namorados que insistiam em portar arma na cintura. Qualquer confusão por perto, mostravam a pistola e me colocavam em risco.

Peguei nojo de homem armado.

Um conhecido acertou acidentalmente a própria perna praticando tiro em placa na estrada.

Um amigo da escola morreu ‘brincando’ de roleta russa.

Era assim até o estatuto do desarmamento.

Não eram tempos de paz, porque havia cidadãos armados pra todo lado.

Me meti de cabeça na campanha pelo desarmamento e anos depois, vi que as taxas de homicídios não diminuíram radicalmente.

Mas, vi que inibiram um crescimento de aproximadamente 8% ao ano.

Pra mim, é muita coisa.

Sigo com a mentalidade de que segurança pública exige muito mais que armar ou desarmar a população.

Vou morrer lutando por uma política de segurança que só funciona com investimentos na educação e no combate à desigualdade social.

Deste modo, recuso esse placebo oferecido por Bolsonaro para trazer paz ao Brasil.

Quem pensa que vai produzir efeito positivo, logo verá piorar a situação.

Vivemos numa sociedade que revelou altíssimo grau de estupidez e crueldade por conta de uma eleição presidencial.

E o país cada dia se distancia mais dos marcos civilizatórios.

Temos no horizonte os cortes na educação, desemprego galopante e o fim do direito à aposentadoria.

Tá na cara que uma sociedade mais ignorante e mais pobre se tornará mais violenta.

Vou virar colecionadora de pessoas que se opõem ao triunfo da estupidez.

Disparem um sinal luminoso para que os localize.

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