De acordo com um professor do IFRO, a tucana teria dito que o “contingenciamento” é estratégia chantagista patrocinada pelo governo federal para aprovar a reforma da Previdência
POR RONDÔNIA DINÂMICA
Porto Velho, RO – Um país como o Brasil precisa admitir urgentemente as graves falhas de ensino, não há como correr. Agora, a necessidade maior neste caso é separar falhas institucionais da inaptidão acadêmica – e estudantil – conservada por alunos relapsos.
Como conceber, por exemplo, que o ministro da Educação Abraham Weintraub, professor da Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Administração na área de Finanças qualificado pela Faculdade Getúlio Vargas, é, atualmente, o maior arquétipo do setor?
Weintraub não deixa a desejar quando comparado ao seu antecessor, o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, expoente-chave do segmento olavista que margeia o governo federal disputando espaços com o recheio militar.
O mandatário da pasta já confundiu Franz Kafka com kafta; não sabe sequer escrever corretamente a palavra “incitaria”, já que, num tweet, inventou o vocábulo “insitaria”, e ainda, e talvez seja o ponto mais significativo e assustador de todos, resvalou até mesmo na sua área de formação.
Quando tentou justificar o corte de 30% na educação federal em todo o território brasileiro, Weintraub usou chocolates a fim de conferir didatismo à explicação: uma tragédia pública com direito a lugar VIP concedido ao presidente da República logo ao lado do palestrante decadente.
Em suma, dentre cem bombons, a gestão retiraria apenas três e meio para representar os 30% no “contingenciamento”, expressão usada pelos bolsonaristas para maquiar o corte.
Repetindo: o ministro Abraham Weintraub, professor da USP e mestre em Finanças qualificado pela FGV, disse, sem corar, que 3,5 é 30% de cem.
Então, sim, não há como discordar de Jair Bolsonaro (PSL) nas ocasiões em que o chefe da União deixa claríssima a sua insatisfação com a educação; a discordância, na prática, fica por conta da raiz do problema.
Em Rondônia, o Instituto Federal (IFRO) e a Universidade (UNIR) se desdobram através das vozes de reitores, professores e alunos para evitar a bancarrota financeira.
O professor Cássio Alves Lus, do IFRO, chegou a mencionar a situação mais grave dentro do panorama. De acordo com o docente, a deputada federal Mariana Carvalho, do PSDB, fez grave acusação – informal – ao governo federal comandado por Bolsonaro.
“A deputada Mariana Carvalho esteve presente aqui e disse que o presidente está fazendo isso para chantageá-los. Palavras de Mariana Carvalho. O senhor vai aceitar que um senador seja chantageado?”.
Fazendo isso o quê? Promovendo cortes na educação. Para chantagear quem? Os congressistas. Chantagear a fim de quê? Aprovar a reforma da Previdência.
O “senhor”, no caso, é o senador Marcos Rogério (DEM), aquele que votou contra a instalação da CPI da Lava Toga na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ajudando a enterrar o desejo da grande maioria da população.
Ele aceitou o desafio de comparecer ao IFRO para debater os cortes na educação; “ensaboado” como sempre, transformou uma pergunta cuja resposta é sim ou não em oportunidade para excursionar seu descontentamento com o comunismo do século passado.
Obviamente, foi vaiado.
Em síntese, a pergunta “o senhor é favor ou contra os cortes na educação?” foi respondida com o bom e velho proselitismo antimarxista sacado como trunfo por qualquer agente público que não tenha nada a dizer. Ou, na melhor entre as piores hipóteses, usado a esmo para preencher tempo, conversar fiado e disfarçar o receio de confrontar determinada plateia e ofender, paralelamente, seus ideais mais primitivos, especialmente se alinhados aos intentos governamentais.
“Ah, Venezuela, Cuba…” e por aí vai.
De concreto mesmo, só omissão.
Até mesmo deputados e senadores que já se posicionaram de maneira contrária aos cortes acabam negligenciado o argumento mais forte de todos: a inconstitucionalidade.
Mas ao menos, diferentemente de Marcos Rogério, conseguem ser objetivos, firmes e contundentes enquanto o senador da República briga para se equilibrar na sua própria mureta da indiferença. E ensaboado dos pés à cabeça, corre o risco de cair.
Já Mariana Carvalho, por outro lado, se realmente disse a alunos e professores do IFRO que o governo federal está usando os cortes para chantagear deputados e senadores pela reforma da Previdência, precisa sair urgentemente da informalidade e correr à Tribuna da Câmara Federal a fim de oficializar a denúncia.
A tucana não pode permitir que o seu protagonismo na política nacional se resuma à 2ª Secretaria de uma Mesa Diretora formalizada no passado; às vezes o exercício ordinário do ofício, fazendo o feijão com arroz, carrega consigo muito mais credibilidade que um assento de destaque e a oportunidade de ler documentos no Congresso.
O cavalo está passando agora mesmo – e encilhado.