Um dia de alegria para um homem preso e de tristeza para um solto

Um dia de alegria para um homem preso e de tristeza para um solto

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Foto: Jorge William/O Globo

Do lado de fora, o gigante inflável ‘Super-Moro’.
Dentro, a mentira com pernas curtas.

O ministro da justiça Sérgio Moro perdeu o superpoder do ilusionismo. Nada levou à Comissão de Constituição e Justiça do Senado que pudesse melhorar a estatura moral apequenada com as reportagens do site The Intercept.

Foram mais de oito horas dando explicações sobre diálogos divulgados pelo site que o colocam como protagonista da maior farsa judicial do país.

Dezenas de senadores se revezaram nos questionamentos, um suplício prolongado para quem tem que se defender da acusação de trapaça como juiz, em conluio com procuradores.

Moro não surpreendeu, insistiu em negar importância ao conteúdo das reportagens e dar relevância a forma como foram obtidas as informações da maior fraude judicial do país.

“Grupo de hackers criminoso, organizado, invadiu conversas de autoridades públicas”, disse o ministro.

Há quem diga exatamente o contrário: grupo de autoridades públicas, criminoso, organizado, invadiu processos para corromper direitos, derrubar e eleger governo.

Moro, que agiu com absoluto e inquestionável sensacionalismo quando era juiz na Lava Jato com vazamentos de conversas que lhe renderam pedido de desculpas ao STF por ultrapassar seus poderes, reclamou de pirotecnia midiática.

Resumindo, sensacionalismo é bom contra os outros.

O senador Jaques Wagner (PT) provocou: “foi medida sensacionalista divulgar conversas grampeadas de Dilma?”

Também não colou o truque de usar a Lava Jato como escudo para se proteger manipulando a opinião pública a seu favor.

Foi lembrado várias vezes que o que está em debate não é a importância da força-tarefa contra a corrupção, mas quantos e o quanto a emporcalharam para interferir no resultado das eleições de 2018.

Se Moro realmente estivesse preocupado com a credibilidade da Lava Jato, se afastaria imediatamente do cargo de ministro para não levantar suspeitas nas investigações da Polícia Federal.

Nem bem começaram e o ministro já chamou o Intercept de “site aliado a hackers criminosos”.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) reagiu com nota de repúdio à tentativa de intimidar o veículo e o jornalista Glenn Greenwald.

“Tentativas de intimidar e silenciar um veículo são ações típicas de contextos autoritários e não podem ser tolerados na democracia que rege o país”.

Hoje Lula certamente dorme melhor que Moro.

Lula sempre se referiu a Moro como mentiroso, mas confiante de que mais dia, menos dia, seria desmoralizado.

Hoje foi um dia de cão para o ex-juiz superpoderoso.

Moro não convenceu de que fala a verdade e fortaleceu as suspeitas de que mente sendo repetitivo e apelativo.

Cai como uma luva aquela do Millor: “jamais diga uma mentira que não possa provar”.

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