“A situação do Dallagnol é insustentável. Ele não comprometeu somente a própria imagem, mas arruinou irremediavelmente a imagem e a confiança na Lava Jato, no Ministério Público e na justiça”, diz o colunista Jeferson Miola
No 247, por
Jeferson Miola
As novas revelações do Intercept flagram um Deltan Dallagnol fascinado por dinheiro e poder.
Deslumbrado com a fama, ele planeja negócios para ficar rico fazendo pregações falso-moralistas explorando a imagem institucional da Lava Jato.
É forçoso dizer que as mensagens divulgadas pela Folha de São Paulo [aqui] mostram que por trás da imagem do procurador da República austero, pregador religioso e implacável no combate à corrupção existe um pilantra, uma figura rasteira, um vigarista.
São vergonhosas as tratativas do Dallagnol com sua esposa e com o colega Roberson Pozzobon, intimamente tratado como “Robito”, para colocarem as respectivas esposas como testas-de-ferro de empresa de fachada que seria usada para lucrar com a exploração da imagem da Lava Jato num lucrativo negócio de palestras.
Dallagnol tem uma ambição desmesurada por dinheiro. No passado recente ele até especulou comprando imóveis do Minha Casa Minha Vida, programa destinado à população com renda muito inferior à dele.
Conforme apurou a reportagem da FSP, Dallagnol teve rendimento líquido de cerca de R$ 300 mil em 2018, sem considerar valores de indenizações.
Apesar deste salário que o situa entre os 1% das pessoas com maior renda no Brasil, Dallagnol se regozija com a esposa por se locupletar com uma cifra ainda maior usando indevidamente a imagem institucional da Lava Jato: “Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”.
A 1ª revelação do Intercept sobre os crimes da organização criminosa, como Gilmar Mendes batizou a força-tarrefa da Lava Jato, cumpriu 1 mês de aniversário em 9 de julho.
As denúncias mostradas naquele momento já seriam suficientes para afastar os implicados dos cargos públicos e sujeitá-los aos procedimentos da Lei. Nada, porém, foi feito. Dallagnol, Moro e outros agentes do bando continuam nos cargos destruindo provas e obstruindo as investigações.
À continuação se seguiram outras revelações graves sobre as ilicitudes do bando, uma mais aterradora que a outra, porém incrivelmente não produziram nenhuma reação de parte dos órgãos e das autoridades competentes. Uma mistura de catatonia, cumplicidade e conivência.
A situação do Dallagnol é insustentável. Ele não comprometeu somente a própria imagem, mas arruinou irremediavelmente a imagem e a confiança na Lava Jato, no Ministério Público e na justiça.
Essa gente jogou o Brasil no precipício.