Falas fora de contexto e com sensacionalismo colocam reitor numa espécie de fogueira Santa
A Universidade Federal de Rondônia é destaque no noticiário local, nacional e nas redes sociais nos últimos 15 dias.
Um levante ultraconservador pede a exoneração do reitor Ari Miguel Teixeira Ott, por um discurso que fez no campus logo após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciar cortes de verbas a universidades.
“Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”, disse o ministro.
Weintraub citou como exemplos eventos políticos, manifestações partidárias, bagunça e eventos ridículos.
“Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”.
Como tantos reitores, Ari Ott denunciou o exagero e o menosprezo do ministro com o que é produzido no âmbito das universidades para ‘justificar’ os bloqueios.
O fez de forma jocosa e absolutamente compatível com a realidade do universo acadêmico no mundo todo.
“Tenho 34 anos nesta instituição, nunca vi uma festa de pelados. E se tiver, me chame”, disse.
O ministro da educação foi indicado pelo astrólogo Olavo de Carvalho, para quem “estudante tá lá na universidade só pra fumar maconha e fazer suruba”.
O reitor da UNIR comentou a injusta declaração, afirmando: “Cada vez que um aluno acende um baseado numa universidade brasileira – e no mundo inteiro estudantes fumam um baseado – levantam-se as vozes do moralismo: Olha aí, fumadores de maconha! Quanta bobagem, meu Deus…”
Ari citou como exemplo, um amigo com quem estudou, hoje médico e que usava as páginas da bíblia para fumar seu ‘baseado’.
É compreensível que nem todos considerem adequado o exemplo dado, mas é inquestionável que a intenção do reitor era provocar riso para minimizar a generalização de condutas impróprias no meio acadêmico.
Ao contrário do que vem sendo veiculado, o reitor não fez apologia ao uso da maconha, a festas com gente pelada e muito menos sugeriu que é correto o uso da Bíblia para enrolar baseado. Não disse que determinadas condutas nas universidades são corretas, que fez algo parecido e muito menos sugere que alguém faça.
Não demorou para que as ‘vozes do moralismo’ manipulassem o contexto do que o reitor disse para convocar um levante pela sua exoneração.
À frente da convocação, Victória Ângelo Bacon, que se define no Facebook como jornalista, redatora e professora.
É ela quem primeiramente e mais intensamente se dedica à campanha para derrubar o reitor.
Victória é transgênero, bolsonarista e faz questão de ressaltar, de “viés da direita”.
Nada disso gera demérito ou deslegitima suas opiniões jornalísticas cotidianas, mas o arroubo moralista pelo que o reitor disse satiricamente, sim.
Como contraponto ao que vem difundindo, este blog publica a partir de hoje uma série de reportagens sobre a líder de um levante moralizador que cobra, mas não pratica, comportamentos rígidos e exemplares, com base na moral e nos bons costumes.
O intuito do blog em apresentar versão crítica e distinta dos fatos se dá em função da grande repercussão da versão que foi veiculada até agora, por mero contraditório jornalístico.
Vamos mostrar a distância entre o discurso e a prática de Victória Bacon.
Dois fatos jurídicos – e relevantes – são imprescindíveis para que seus seguidores compreendam a seriedade e os problemas gerados por levá-la a sério.
O primeiro e mais recente diz respeito à demissão de Victória Bacon “a bem do serviço público”, por inserir dados falsos em documento exigido para a posse em área técnica ligada à Universidade Federal de Rondônia (UNIR), hoje fruto de suas investidas mais fervorosas.
Após passar por Processo Administrativo Disciplinar (PAD), o resultado, de acordo com a Portaria nº 399 de 13 de junho de 2018, foi a demissão ressaltada há pouco.
Como foi demitida – com direito ao contraditório e à ampla defesa – pelos próprios erros, Victória optou por, em vez de reconhecer os passos trôpegos, responsabilizar Ari Ott, lançando-o à fogueira da inquisição direitista e aumentando as labaredas ao jogar gasolina no fogaréu através do sensacionalismo barato e descontextualizado praticado em seu perfil particular no Facebook.
Mas o pior segredo da professora que hoje trabalha na Secretaria de Agricultura na gestão Marcos Rocha está empoeirado no arquivo-geral do Tribunal de Justiça (TJ/RO) em arquivos físicos quase esquecidos.
O Blog da Luciana teve acesso aos autos do processo nº 0000716-92.2010.822.0000, cujo processo tramitou na 2ª Câmara Especial do TJ/RO.
Trata-se de um mandado de segurança apresentado por Victória Bacon em janeiro de 2010 contra a decisão de outro Processo Administrativo Disciplinar (PAD), desta vez referente a um contrato temporário firmado com o Estado de Rondônia.
À época, Bacon foi demitida do cargo de professora.
Contestou a deliberação administrativa em julgamento relatado pelo desembargador Renato Mimessi: suas alegações foram ignoradas de maneira unânime, e a sanção de demissão restou mantida pelo acórdão.
Reiterando: os relatos descritos abaixo constam dos autos nº 0000716-92.2010.822.0000.
Os nomes dos menores e demais testemunhas na Sindicância Administrativa Disciplinar serão mantidos em segredo.
O blog começa a série de reportagens com o resultado do Mandado de Segurança em que Victória reclamou ausência de contraditório e ampla defesa no procedimento administrativo que culminou em demissão do cargo de professora do Estado.
O parecer ministerial elaborado pelo procurador de Justiça Júlio César do Amaral Thomé destacou que a decisão da comissão de sindicância baseou-se nos diversos testemunhos de alunos.
Vejamos alguns:
Por fim, em julgamento no dia 1º de junho de 2010, o relator desembargador Renato Martins Mimessi concluiu em seu relatório que “restou apurado que o fato que ensejou a Sindicância ocorreu em 19.05.09, em razão de que impetrante afirmou haver sido ridicularizado, pelos dissentes, em razão da opção sexual que possui. Entretanto, com a apuração dos fatos, no transcurso da Sindicância, ficou demonstrado o contrário. Isto é, que o impetrante agiu de firma indecorosa em sala de aula (incontinência de conduta), haja vista que, de forma dolosa ou não, e, por mais de uma vez, deixou à mostra a genitália, causando constrangimento nos alunos.
Segurança denegada, ante a legalidade do procedimento administrativo que ensejou a demissão do impetrante”.
Os demais componentes da 2ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ/RO) acompanharam o voto do relator, ou seja, rechaçaram a tese de preconceito apresentada pela defesa de Victória Bacon e reconheceram, portanto, a conduta imoral praticada pela professora em sala de aula. Em suma, em vez de vítima, como quis se desenhar diante da Justiça, o Judiciário a declarou culpada pela “incontinência de conduta”.
Na segunda parte da série, o Blog da Luciana apresentará detalhes sobre os depoimentos prestados na Sindicância Administrativa que rendeu a demissão de Victória Bacon, com decisão confirmada pelo Tribunal de Justiça.
A página alerta que a partir do segundo capítulo da série os termos e os gestos obscenos descritos por quem testemunhou o comportamento de Victória Bacon em sala de aula incorporam traços pornográficos, logo, recomenda-se expressamente que pais e outros responsáveis mantenham menores de 18 anos afastados da leitura.
Você vai ver testemunho de como Victória explicou a aluno a relação dos termos “ativo” e “passivo” com base nas leis de Newton, abordando o princípio da inércia e os conceitos de ação e reação.