O procurador Deltan Dallagnol “tinha consciência plena de que agia fora da lei. É isso que queremos como exemplo para o país?”, questiona o colunista Hayle Gadelha; ele aparentemente “tinha comprado os direitos autorais da verdade e determinava o que era certo e o que era errado”, critica.
Deu pra entender? O procurador Deltan Dallagnol aparentemente tinha comprado os direitos autorais da VERDADE e determinava o que era certo e o que era errado. Mesmo sabendo que investigar o ministro do Supremo não seria exatamente correto, ele insistiu nessa direção.
Dallagnol concluiu (não se sabe exatamente por qual motivo) que Toffoli poderia se dispor a frear o avanço da operação que ele conduzia. Por que seria? Ele incentivou seus amigos procuradores em Brasília e Curitiba a investigar Toffoli sigilosamente em 2016, numa época em que o atual presidente do Supremo Tribunal Federal começava a ser visto pela operação Lava Jato como um adversário disposto a frear seu avanço.
Por que seria? Seria por que os procuradores estavam procurando agir fora dos limites da lei, até da Constituição?
As mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil (e analisadas em conjunto com a Folha) revelam que Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, buscou informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e de sua mulher e também evidências que os ligassem a empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras.
Acontece que ministros do STF não podem ser investigados por procuradores da primeira instância, como Dallagnol e os demais integrantes da força-tarefa. A Constituição diz que eles só podem ser julgados pelo próprio tribunal, onde quem atua em nome do Ministério Público Federal é o procurador-geral da República. Ou seja, Dallagnol já se manifestava como um fora da lei. E esse “fora da lei” tratou de realizar grandes estragos ao país.
Dallagnol estimulou uma ofensiva contra Toffoli e também teria recorrido à Receita Federal para levantar informações sobre o escritório de advocacia da mulher do ministro, Roberta Rangel.
O chefe da força-tarefa começou a manifestar interesse por Toffoli em julho de 2016, quando a empreiteira OAS negociava um acordo para colaborar com as investigações da Lava Jato em troca de benefícios penais para seus executivos.
No dia 13 de julho, Dallagnol fez uma consulta aos procuradores que negociavam com a empresa. “Caros, a OAS trouxe a questão do apto do Toffoli?”, perguntou no grupo Acordo OAS, no Telegram. “Que eu saiba não”, respondeu o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes, de Brasília. “Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela.”
Deu pra entender? Esse “com cautela” de Dallagnol significa simplesmente que ele tinha consciência plena de que agia fora da lei. É isso que queremos como exemplo para o país?