‘Mini-Trump’, brasileiro se tornou ‘garoto-propaganda’ da necessidade de criminalizar a destruição do meio ambiente
Na Folha
Jair Bolsonaro chega a Nova York com o New York Times publicando “O que esperar da Assembleia Geral da ONU” na cidade, em “cinco dias de discursos, centenas de reuniões —e confrontos sobre mudança do clima”. Para começar, na terça, “Líderes com mesma cabeça: Bolsonaro, Trump, Sisi”.
O americano fala após o brasileiro, “chamado de mini-Trump, uma figura polarizadora que, como Trump, nega a mudança no clima e ridiculariza críticos no Twitter”. Em seguida fala o ditador egípcio, “ex-general que virou símbolo da repressão da Primavera Árabe”.
Também na edição de segunda do jornal, “Bachelet, chefe de direitos humanos da ONU, diz sentir pena pelo Brasil” sob Bolsonaro. É referência ao relato publicado pelo chileno La Tercera, com a entrevista dada pela ex-presidente à principal rede de seu país, TVN.
E a edição de domingo do NYT trouxe artigo assinado pelo chefe do escritório no Rio, o ex-editorialista Ernesto Londoño, com a chamada “Podemos tornar a destruição da Amazônia um crime contra a humanidade?”, alterada depois para “Imagine Bolsonaro sendo julgado por ecocídio em Haia”.
Aprofundando questão levantada no site acadêmico The Conversation, ele ouve defensores da criminalização da destruição do meio ambiente. Diz um deles: “Bolsonaro se tornou o garoto-propaganda da necessidade de estabelecer o crime de ecocídio”.
MACRON, PIÑERA & DUQUE
Na França, sob o título “ONU se reúne, Amazônia ainda queima”, a revista Le Point destaca que nesta segunda o presidente Emmanuel Macron lança em Nova York “um chamado para a mobilização” pela Amazônia, com Sebastian Piñera, do Chile, e Ivan Duque, da Colômbia, “e sem o Brasil”.
PROPAGANDA E MARKETING
O Financial Times noticia o esforço publicitário de Bolsonaro para relançar “sua imagem depois das queimadas”. Detalha a campanha mundial “em televisão e jornais” produzida “pela agência Calia Y2 Propaganda e Marketing e lançada com o início da Assembleia Geral da ONU em Nova York”.
Ouve de “uma autoridade sênior” do governo que “a retórica de Bolsonaro não ajuda nada” —e conclui que a campanha toda poderá ser “minada por seus confrontos com a Europa”.
ÁGATHA, 8
No alto da home da BBC (acima), por Le Figaro e The Guardian e em despacho da americana Associated Press, entre outros, “Clamor no Rio, polícia é acusada de matar menina”. A maioria dos relatos citados dá o governador Wilson Witzel como “aliado de extrema direita de Bolsonaro”.
Nelson de Sá
Jornalista, foi editor da Ilustrada.