247 – Na entrevista que concedeu à revista Veja, em que revela seu plano de assassinar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot detalha o momento em que tentou puxar o gatilho. Ouça o áudio ao final da matéria.
“Cheguei no meu limite, fui armado e minha ideia era dar um tiro na cara dele e depois me suicidar”, confessou Rodrigo Janot.
“Quando eu chego lá na sala do Supremo, esse ministro costuma chegar atrasado. Quem é que tava lá na sala? Ele. Pensei: ‘a energia do destino me levou até aqui'”, prosseguiu, de acordo com seu áudio.
O ex-PGR relata que seu dedo paralisou no momento de apertar o gatilho, mesmo depois de tentar com as duas mãoes. “Ficou paralisado”, contou.
Em seguida, Janot disse ter chamado seu secretário-executivo para avisar que não estava passando bem e que não participaria da sessão aquele dia. “Mas foi por isso aqui”, finalizou.
Nesta sexta-feira 27, Gilmar Mendes se manifestou por meio de nota (leia abaixo a íntegra) e em coletiva de imprensa.
“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.O combate à corrupção no Brasil – justo, necessário e urgente – tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”
GILMAR MENDES