Família brasileira empobreceu em nove anos, aponta IBGE

Família brasileira empobreceu em nove anos, aponta IBGE

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Percentual que vive com menos de 6 salários mínimos cresce e atinge 73%.

Na FSP

Nicola Pamplona
RIO DE JANEIRO
Em nove anos, caiu o percentual de famílias brasileiras que têm renda mensal superior a seis salários mínimos e aumentou o número delas que vive com menos do que esse valor.

Os dados são da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), divulgada nesta sexta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A pesquisa mostra ainda que 2,7% das famílias brasileiras concentram 19,9% da renda. Outros 23,8% vivem com menos de dois salários mínimos por mês, em um sinal de que a desigualdade de renda permanece grande no país.

Os dados reforçam ainda que a renda com aposentadorias e pensões é um dos fatores que ajuda a ampliar a distância entre os extremos no país.

A POF traça um perfil dos hábitos de consumo e das condições de vida do brasileiro e é usada como parâmetro para outras pesquisas do IBGE, como o cálculo da inflação e o do PIB (Produto Interno Bruto, além de embasar estudos sobre desigualdade.

Na comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2008 e 2009, houve crescimento no percentual de famílias nas classes mais pobres da população. Ao todo, 73,03% das famílias brasileiras receberam menos de seis salários mínimos por mês entre 2018 e 2019. Há nove anos, eram 68,4%.

A maior alta se deu entre os que ganham até dois salários mínimos, que passaram de 21,63 para 23,86 das famílias brasileiras. Na outra ponta, o percentual das que ganham mais de 25 salários mínimos caiu de 3,81% para 2,67%.

A mudança pode ser explicada pela queda na renda após a recessão, mas especialistas advertem que fatores como aumento do poder de compra do salário mínimo e mudanças no número de membros das famílias também impactam o resultado.

A pesquisa considera a existência de 69 milhões de famílias no país. Quase um quarto delas, ou 16,4 milhões, vive com apenas dois salários mínimos, já considerando o que o IBGE classifica como “rendimentos não-monetários” —produção própria, trocas ou doações, por exemplo.

Nessa classe, apenas 41% do rendimento médio (ou R$ 510,18) vem do trabalho. Transferências do governo, como aposentadorias e programas sociais, são responsáveis por 28,8%, enquanto fontes de rendimento não monetário contribuem com 28,2%. Essa classe engloba 44,8 milhões de pessoas.

Já na classe mais alta, aqueles com renda média acima de R$ 23.850, o trabalho garante 69% do total. São 1,8 milhão de famílias. Considerando uma média de 3,07 pessoas por família, é como se 20% da renda brasileira estivesse concentrada apenas entre as populações de Fortaleza e Salvador.

Segundo a POF, o rendimento médio é de R$ 5.426,70. Na média, 57,5% são provenientes da renda do trabalho. Outros 19,5% vêm de aposentadorias, programas sociais e outras transferências. Na média, os rendimentos não monetários contribuem com 14,5%.

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A dependência de transferências é maior do que a verificada na pesquisa anterior, quando 18,5% da renda vinha de aposentadorias, pensões e programas sociais. A parcela relativa a esses últimos, porém, é pequena, de apenas 1% na média nacional.

As transferências têm maior relevância nas áreas rurais e na região Nordeste, recortes em que ela representa quase um quarto da renda. Na última pesquisa, 22,5% da renda das famílias nordestinas vinha de aposentadorias e programas sociais. Agora, são 24,6%.

Entre as famílias mais pobres da região, a dependência é ainda maior: quase um terço da renda daqueles que vivem com menos de dois salários mínimos vem dessa fonte.

Os dados do IBGE mostram que as transferências também impactam na distribuição de renda.

Famílias com renda superior a 25 salários mínimos recebem, em média, R$ 4.276,02 com aposentadorias e pensões, enquanto aquelas com renda inferior a dois salários mínimos ficam com R$ 207,17.

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