Foto: G1
Foram presos o líder, o primeiro escalão e o braço armado do grupo, que tinha policiais militares como parte de seus integrantes
De Porto Velho para o Brasil 247
A maioria da população de Rondônia, terceiro Estado mais afetado com desmatamentos em 2019, nunca ouviu falar de Chaules Volban Pozzebom, preso na Operação Deforest que resultou em 16 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão e seis flagrantes lavrados, nesta quarta-feira, 23.
No ramo de madeireiras, dono de mais de 100, ele é bastante conhecido e como o maior desmatador da América do Sul, segundo informou a assessoria de comunicação da Polícia Federal.
Mais de 150 policiais participaram da ação em Rondônia nos municípios de Ariquemes, Cujubim, Monte Negro, Porto Velho e também em Manicoré (AM) e Araçatuba (SP).
Segundo nota da PF/RO, “trata-se de inquérito policial instaurado em junho de 2019, a partir de notícia crime encaminhada pelo Ministério Público Estadual em Ariquemes/RO, para apurar crimes perpetrados por suposta organização criminosa armada, voltada para a prática de homicídios, extorsões, ameaças e lavagem de dinheiro na zona rural do município de Cujubim/RO, especificamente na zona rural daquele município, na Linha 106 da região “Soldado da Borracha”.
A organização criminosa envolvia empresários, policiais e pistoleiros que intimidavam e ameaçavam agricultores da região de Cujubim/RO.
Os parceiros no crime tinham como objetivo “esbulhar terras na zona rural daquele município, para depois vendê-las a outras pessoas ou extrair madeira ilegalmente”.
Eles formavam uma rede de proteção ao líder com poder econômico para garantir um braço armado com agentes das forças de segurança pública.
Ameaçavam e extorquiam moradores da região conhecida como ‘Soldado da Borracha’.
O Ministério Público do Estado divulgou que “As investigações iniciaram em maio de 2018 e foi descoberto que a organização funcionava no mesmo padrão de milícia, na zona rural, e usavam uma porteira no Ramal Soldado da Borracha para controlar o acesso de posseiros no local, cobrar altos pedágios para passagens de caminhões e máquinas e intimidar, ameaçar e expulsar posseiros que já estavam nos lotes, extorquindo-os, além de comercializar irregularmente glebas.
Diversas famílias foram extorquidas e o grupo se apropriou de dezenas de lotes, os quais seriam vendidos pela organização a preços individuais de R$ 100 mil a 150 mil reais. Foi estimado que a organização movimentou e tinha expectativa de arrecadar cifras milionárias.”
A polícia fez apreensões valiosas como joias, veículos e armas.
Os indiciados vão responder pelos crimes de associação criminosa (artigo 2º, caput e §§ da Lei nº 12.850/2013), extorsão (artigo 158, caput e §1º do CP), esbulho possessório (artigo 161, § 1º, II do CP), ameaça (art. 147 do CP) e lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei 9.613/98).
O nome da operação, ‘Deforest’, é referência a atividade do desmatamento ilegal.
“Na mesma data, a Polícia Federal presta apoio operacional ao GAECO/MP/RO no cumprimento de mandados judiciais em desfavor de integrantes da mesma quadrilha, mas relativo a investigação de associação ao tráfico de drogas, promovida pelo Ministério Público (Operação Cerne Branco)”, destacou a PF em nota.