247, por Marcelo Zero – Em plena reunião do BRICS, o governo Bolsonaro deu apoio a um ato que é normalmente enquadrado, ante a lei internacional, como ato de terrorismo: a invasão de uma embaixada e a agressão de seu pessoal diplomático legítimo.
Trata-se da absurda e violenta invasão da Embaixada da Venezuela em Brasília, por parte de milicianos venezuelanos e brasileiros.
Ao contrário do que foi noticiado por setores da imprensa, não houve nenhuma deserção de pessoal diplomático e ninguém autorizou a entrada desses invasores violentos.
Tais invasores, que entraram à força na embaixada por volta das 5hs da manhã, após roubar um controle remoto dos portões, passaram a agredir as famílias lá residentes, inclusive mulheres e crianças. Agrediram também o federal Deputado Paulo Pimenta, que lá se dirigiu para ajudar o pessoal diplomático legítimo, face à omissão dos governos federal e do GDF, ante o ato criminoso.
Esse ato criminoso conta com o apoio claro e ostensivo do governo brasileiro e do Itamaraty, que enviou para lá diplomata com a missão de tentar “legitimar” a invasão e expulsar da embaixada seus diplomatas oficiais, conforme informa o Deputado Paulo Pimenta. Tal representante oficial do Itamaraty, desconhecendo a lei internacional, alega que a embaixada da Venezuela é “território brasileiro”, e que o governo do Brasil considera os invasores como os legítimos representantes venezuelanos.
Saliente-se que a suposta “embaixadora” do usurpador Guaidó no Brasil, que ninguém mais leva a sério, a qual teria “autorizado” a invasão violenta, sequer mora no Brasil. Reside, não casualmente, em Washington. Mesmo que o Brasil quisesse colocar alguém do títere lá, não poderia fazê-lo dessa forma, mediante invasão violenta na calada da noite.
Trata-se, sem dúvida, de crime cuidadosamente planejado, realizado justamente por ocasião da realização da cúpula dos BRICS na capital federal. O timing não é casual. A invasão da embaixada da Venezuela, feita graças à ação do governo Bolsonaro, é óbvio recado político do governo Trump à Rússia e à China, que apoiam o governo oficial e legítimo daquele país. É uma provocação ao BRICS e à comunidade internacional.
Com essa invasão, Trump disse: aqui quem manda sou eu!
E o governo Bolsonaro se prestou a esse papel desprezível de moleque de recados. Enquanto se reúne com o BRICS!
Para cumprir esse papel abjeto, o Brasil de Bolsonaro cometeu uma clamorosa e grosseira violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, a qual determina que:
Artigo 22
1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão nêles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.
2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar tôdas as medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.
Ademais, invasões de embaixadas e agressões ao pessoal diplomático podem, como afirmamos, serem enquadradas, ante a lei internacional, como atos de terrorismo.
Se tivesse tido invasão da embaixada dos EUA, não seria esse o enquadramento?
Triste fim desse Brasil de Bolsonaro. Para agradar Trump, dá apoio a um ato criminoso, que viola a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e que pode até ser classificado como terrorismo. Dá um tapa na cara do BRICS e mostra que não é um país confiável.
Dá um tapa, na realidade, na cara da nossa soberania.