“Paralisação das unidades é sintoma do colapso da gestão Crivella”
Repórter SUS
Nas últimas terça (10) e quarta-feira (11), funcionários da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro paralisaram os serviços, afetando algumas unidades, como as Clínicas da Família e centros de atendimento de hospitais, que não abriram.
O cenário faz parte do colapso pelo qual passa a saúde carioca. Até terça-feira (10), médicos, enfermeiros e assistentes não haviam recebido sequer os salários de outubro e novembro.
A conjuntura “só pode ser descrita como uma situação de calamidade”,afirmou o professor da Faculdade de Medicina e do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Gabriel Delgado.
Ele contabiliza que cerca de 210 das 240 Clínicas da Família do município estão com as atividades paralisadas. Das redes federal e estadual, como laboratórios e hospitais especializados, as unidades funcionam numa situação de “precariedade máxima”.
“Não há exagero em afirmar que desde 2016, quando iniciou o governo de Michel Temer (MDB), começaram todos os ataques sistemáticos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e às outras políticas sociais do nosso país, instituídas pela Constituição de 1988. O Rio de Janeiro, então, se transformou em uma espécie de laboratório de destruição da saúde pública”.
O saldo, além das Clínicas da Família paralisadas e das manifestações de servidores públicos da área da saúde, Delgado também elenca o aparecimento de barreiras que não existiam antes, a falta de serviços essenciais e de insumos como medicamentos.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), foi eleito, em 2016, sob o lema “cuidar das pessoas”, quando prometeu municipalizar as unidades de pronto atendimento e construir clínicas somente com médicos especialistas.
Durante a campanha, afirmou: “As pessoas que hoje têm problemas específicos demoram muito para ter um encontro com especialista, demoram muito para fazer um exame e, depois de diagnosticadas, demoram muito a operar. A clínica de especialistas, umas 20 delas pela cidade, vai resolver muito essa demanda que hoje existe na população”. Eleito, Crivella desistiu de aumentar a rede de saúde.
Edição: Julia Chequer