72 horas depois do atentado contra Porta dos Fundos e Moro não deu um pio

72 horas depois do atentado contra Porta dos Fundos e Moro não deu um pio

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“Se os terroristas que atacaram o Porta dos Fundos não forem imediatamente punidos, isso vai empurrar o país para conflito de proporções gigantescas”, alertou o escritor Paulo Coelho no Twitter.

POR RICARDO KOTSCHO

Já se passaram 72 horas desde o atentado terrorista, às vésperas do Natal, quando duas bombas molotov foram atiradas contra a sede da produtora do grupo de humor Porta dos Fundos, no bairro do Humaitá, na zona sul do Rio.

Até o momento em que escrevo, Sergio Moro, o ministro da Justiça, sempre tão ágil e prestativo quando se trata de defender os interesses do governo, não deu um pio, não anunciou nenhuma providência e, até onde se sabe, não acionou a Polícia Federal, que só continua preocupada com Lula.

Só quem se mobilizou até agora foram os evangélicos, mas para apoiar o atentado e pedir punição contra o grupo de humoristas, por ter exibido na Netflix o programa especial de Natal “A Primeira Tentação de Cristo”, que apresenta uma versão gay de Jesus.

Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o evangélico Eduardo Tuma, eventual substituto do prefeito Bruno Covas, entrou com uma ação na Justiça, junto com o Conselho Nacional dos Conselhos de Pastores do Brasil, para pedir uma indenização de R$ 1 milhão por dano moral coletivo e mais R$ 1 mil “a todos os cristãos que se sentirem lesados”.

Um abaixo-assinado já com mais de 2,4 milhões de nomes circula na internet pedindo o veto total à produção do Porta dos Fundos.

“O ato não é isolado, mas fruto de um ódio que vem sendo espalhado no Congresso e na internet. Vale repensar, no aniversário de Cristo, se compreenderam o que ele quis dizer”, afirmou o ator Gregório Duvivier, que faz o papel de Jesus.

Câmeras de segurança identificaram a placa da caminhonete usada no atentado do Humaitá, em que um dos terroristas aparece com o rosto descoberto, mas a polícia carioca também não se manifestou até o momento.

Dá para imaginar a reação fulminante de Moro e Bolsonaro, se o atentado tivesse sido cometido contra um dos templos frequentados pelo presidente.

Já teriam convocado todas as tropas para sair às ruas.

Ma parece que só Paulo Coelho e eu estamos preocupados com isso, porque até a classe artística não se manifestou ainda exigindo a prisão dos terroristas.

Enquanto todo mundo finge que nada de grave aconteceu, um grupo que se diz integrante do redivivo Movimento Integralista, a extrema-direita que infernizou o país entre 1932 e 1938, reinvidicou num vídeo a autoria do atentado contra o Porta dos Fundos.

No vídeo divulgado pelas redes sociais, um homem lê o “manifesto” dos supostos integralistas, para dizer que se trata de uma “ação direta revolucionária para justiçar os anseios de todo povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica”.

Posso estar enganado, mas as lembranças da ditadura militar me fazem pensar que esta história da volta dos “camisas verdes” de Plínio Salgado, assumindo o ataque contra o Porta dos Fundos, é apenas um despiste para esconder os verdadeiros autores.

Se a PF de Moro estiver mesmo interessada em chegar aos verdadeiros responsáveis, pode começar procurando nos porões dos órgãos de segurança e dos xiitas fundamentalistas que querem colocar fogo no país.

Mudam os personagens, mas não mudam os métodos daqueles agentes que atuam nas sombras, como aqueles que participaram do célebre atentado ao Riocentro, nos tempos do general Figueiredo.

Paulo Coelho está certo: o terror voltou, e não encontra reação.

Vida que segue.

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