Qassem Soleimani era um dos homens mais poderosos do Irã. Ataque em Bagdá matou também Abu Mahdi al-Muhandis, chefe de milícia iraquiana apoiada pelos iranianos.
Por G1
Qassem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária do Irã e um dos homens mais poderosos do país, morreu em um ataque aéreo dos Estados Unidos nesta quinta-feira (2) em Bagdá.
O Pentágono confirmou o bombardeio e disse que a ordem partiu do presidente Donald Trump. Em nota, o órgão culpou Soleimani por mortes de americanos e iraquianos e afirmou que o objetivo foi deter planos de futuros ataques iranianos (leia a íntegra mais abaixo).
O bombardeio ocorreu no Aeroporto Internacional de Bagdá e matou também Abu Mahdi al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã, e pelo menos mais 5 pessoas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, postou uma bandeira americana em uma rede social. Ele não falou sobre o episódio.
Um porta-voz da milícia iraquiana culpou também Israel pelas mortes. Até agora, o governo de Israel não se pronunciou.
Tensão entre EUA e Irã
As mortes ocorrem em meio a uma escalada de tensão no Iraque que ameaça transformar o país em um campo de batalha entre forças apoiadas por Estados Unidos e Irã no Oriente Médio.
Desde o fim de outubro, militares e diplomatas americanos foram alvo de ataques, e na semana passada um funcionário dos EUA morreu em um bombardeio com foguetes.
A crise subiu de patamar na terça (31), quando milicianos iraquianos invadiram a embaixada americana em Bagdá. Trump acusou o Irã de estar por trás da ação e prometeu retaliação.
A invasão da embaixada foi uma resposta a um ataque americano na fronteira com a Síria que matou 25 combatentes das Forças de Mobilização Popular do Iraque no domingo (29).
Uma hora após a divulgação da morte de Soleimani, os preços do petróleo no mercado internacional já tinham aumentado 4%. O barril brent era vendido a US$ 68,90.
A importância de Qassem Soleimani
Em foto de 2016, Qassem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, participa de um comício anual do aniversário da revolução islâmica de 1979, em Terrã, no Irã — Foto: AP Photo/Ebrahim Noroozi, File
Qassem Soleimani era um alto líder das forças militares iranianas e um herói nacional. Ele chefiava a Guarda Revolucionária, uma força paramilitar de elite que responde diretamente ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país há 30 anos.
A Guarda Revolucionária surgiu após a Revolução Islâmica de 1979. Na ocasião, o governo passou a ser supervisionado pelo clero.
Em abril de 2019, os Estados Unidos designaram a Guarda Revolucionária do Irã como uma organização terrorista. Foi a primeira vez que Washington rotulou formalmente uma unidade militar de outro país como terrorista.
O colunista Guga Chacra, da GloboNews, afirma que a morte de Soleimani deverá ter consequências geopolíticas gravíssimas. Assista ao comentário abaixo:
Guga Chacra comenta morte de Chefe da Guarda Revolucionária Iraniana
Nota do Pentágono
“Sob a direção do presidente, os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger funcionários dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Islâmica Corps-Quds Force, considerada pelos EUA uma organização terrorista estrangeira.
O general Soleimani desenvolvia ativamente planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no Iraque e em toda a região.
O general Soleimani e sua força Quds foram responsáveis pela morte de centenas de americanos e membros do serviço de coalizão e por ferir outros milhares.
Ele orquestrou ataques a bases da coalizão no Iraque nos últimos meses – incluindo o ataque de 27 de dezembro – matando e ferindo funcionários americanos e iraquianos.
O general Soleimani também aprovou os ataques à embaixada dos EUA em Bagdá que ocorreram nesta semana. Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos. Os Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses onde quer que estejam ao redor do mundo.”