Por Antônio Serpa do Amaral (Basinho) – O PIRARUCU não é um bloco qualquer, é um Estado de Espírito em são Devaneio! Nas suas 27 primaveras de muita folia sem pé nem cabeça, o Pirarucu é uma Aquarela Brasileira, exalando os cinquenta tons do arco-íris, com cheiro de Terra e de Povo frevando ao som dos batuques e clarins como uma horda de doces bárbaros bailarinos saltitando ao sabor da alegria, vendendo sonhos e paixões e levando para as ruas e becos o translúcido espírito de Macunaíma!
A Pajelança tribal deste ano vai enaltecer os Guaporés, Karipunas, Tupiniquins, Tupis, Guaranis, Cinta-Largas, Tupinabás e Karitianas e tantas outras nações de Povos da Floresta que habitam a mãe-terra desde bem antes da chegada do branco europeu à caça de ouro e pedras preciosas! A tese de que fomos descobertos é uma Arapuca! Os índios estão aqui nesta Biboca desde sempre! A Catapora quando não mata, deixa o cabra Jururu! O Curumim precisa comer Maniçoba, que dá sustança! Domingo tem Fla-Flu no Maracanã! Na Cuia é que a Abacaba fica boa, maninha! O falar indígena entrou em nossa boca e atingiu as veias mais profundas do coração brasileiro, despertando a fome de olho maior que a barriga pelos quitutes da aldeia! Daí nossa tara gastronômica pelo Beiju, Tapioca, Pipoca, Moqueca de Peixe, Tapioca, Canjica, Tacacá e Mujangué! A Maloca do Chicão é o Tapiri do Imaginário!
Enterrado em alguma curva do rio, o coração do saudoso Waldemar Cachorro ressuscita dos mortos e esquecidos para abençoar os tribalistas em piruetas, trejeitos, sacudidas e palhaçadas pelas ruas da cidade atônita! É que a pândega holística do Pirarucu está assentada na lógica inusitada de que é deixando a vida nos levar que levamos a vida, bebendo na fonte da alegria, amando nossos valores culturais mais caros, compartilhando em desbundes utópicos nossa faceta mais autêntica e vital: a humanidade mais sofrida, profunda e despojada que habita o coração de cada brincante em razão de sentido algum e para todos os sentidos possíveis no horizonte de que, se estamos juntos na folia e na celebração, também poderemos estar juntos no ato da ação e da transformação da realidade, na empreitada da construção de um mundo melhor para todos! Em pura e democrática diversidade!
A Comenda Mérito Cultural Bloco Rei da Selva, do Waldemar Cachorro, na categoria Selo Prata, será entregue pela Associação Cultural Rio Madeira, em parceria com o Programa Viva Rondônia, do Anisinho Gorayeb, ao casal de beradeiros botocudos Ernande Segismundo e Luciana Oliveira, que receberão a homenagem em nome de todo o bloco!
Waldemar de Holanda Pinto, compadre dos índios, não esquecemos de você!!!