Se hoje consigo enxergar, evitar ou me defender de um machista, é porque fui lapidada por vários desde que nasci.
Fui facetada por professor, padre, namorado, ex-marido, patrão, desembargador, policial, médico e por tantos outros homens que tentaram me dar cor, brilho e transparência com ferramentas machistas e padrões de inferioridade.
O machismo desencadeia várias formas de violência, nega direitos e coloca em risco a vida das mulheres.
Inferioriza para calar, subjugar e concentrar o poder de dizer e fazer aos homens.
Nenhuma mulher escapa dos golpes do orgulho masculino tóxico.
A que luta “por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” é a mulher que se torna mulher fora do padrão patriarcal imposto, como sugeriu Rosa.
Beauvoir faz raiva a tantos pelo que escreveu há mais de 7 décadas, porque desafiou as mulheres a romperem com o cabresto do machismo.
A mulher não pode aceitar ser tratada como inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais por ser mulher.
“Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino.”
Não podemos mais aceitar e reproduzir o determinismo biológico quanto aos ideais de maternidade e feminilidade.
Nos lapidaram com machismo e com o brilho que não conseguiram extrair à força, revelaremos cada vez mais nossa grandeza.